Título: Almir Gabriel. Político e um dos fundadores do PSDB, aos 80
Autor:
Fonte: O Globo, 20/02/2013, Rio, p. 18
Ao lado de nomes como Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro e outros políticos, o médico paraense Almir Gabriel figura como um dos fundadores do PSDB. Incomodados com o já desgastado PMDB, eles criaram o novo partido em junho de 1988. E Gabriel teve papel de destaque na estreia da legenda nas urnas: foi o companheiro de chapa, como vice, de Mario Covas, o candidato tucano à Presidência em 1989. Exatos 20 anos depois, o já ex-governador Almir Gabriel desfiliou-se do PSDB por causa de divergências com os colegas nas negociações que antecederam a eleição de 2010, que elegeu o tucano Simão Jatene como governador.
Sempre presente nas reuniões do partido em Brasília no final dos anos 1980, Almir Gabriel, então senador constituinte, era uma das novidades políticas que vinham das regiões Norte e Nordeste. Chamava a atenção dos interlocutores pelo jeito despojado, quase sempre com um cigarro nas mãos, e pelo interesse que demonstrava ao mesmo tempo pelas questões sociais, em especial na área saúde, e pelos gargalos da infraestrutura no seu estado.
Em 1994, no rastro do Plano Real e da campanha vitoriosa de Fernando Henrique ao Palácio do Planalto, elegeu-se governador do Pará, derrotando o ex-ministro Jarbas Passarinho. Pouco mais de um ano depois de assumir o cargo, foi abatido pelo maior problema de sua gestão: o "Massacre de Eldorado de Carajás". A morte de 19 trabalhadores sem-terra pela polícia do estado aconteceu em 17 de abril de 1996 e entrou para a história recente do país como o mais emblemático conflito pela posse de terras. Acabou marcando para sempre a biografia de Gabriel - inocentado pela Justiça.
Na eleição de 1998, foi reeleito governador. O político é apontado pelo PSDB como um governador que teve papel fundamental no desenvolvimento da região, lutando por mais investimentos em infraestrutura e melhorando a qualidade de vida do povo paraense.
Formado em medicina, com especialização em cardiologia, além de governador e senador, ele foi prefeito de Belém entre 1983 e 1986. Há anos lutava contra um edema e um enfisema pulmonar, agravados pelo tabagismo. Morreu ontem, aos 80 anos, em um hospital particular de Belém. O corpo será enterrado hoje em Castanhal, no Pará.