Título: O futuro do Banco do Brasil
Autor: Bendine, Aldemir
Fonte: Correio Braziliense, 12/10/2009, Opinião, p. 11

Presidente do Banco do Brasil

Ao entrar no 201º ano de vida, comemorado neste 12 de outubro, o Banco do Brasil estabelece nova agenda de prioridades em decorrência da notável mudança de patamar da economia brasileira. O bem-sucedido enfrentamento da crise global é um exemplo eloquente dessa nova realidade. No teste mais difícil de sua história recente, a economia brasileira mostrou resistência a choques externos e foi aprovada.

Na trilha dessa economia emergente, e com extraordinário potencial ainda por realizar, o país projeta seu futuro ¿ o que significa imediatamente associar tais desafios também ao Banco do Brasil, uma empresa enraizada na longa história de apoio ao desenvolvimento do país. É assim que pode ser entendida a nossa estratégia para os próximos anos, baseada na maior presença no mercado externo e na expansão de negócios internamente.

Os primeiros passos estão sendo dados. Exemplo disso é o ingresso do BB no financiamento imobiliário. Participar desse segmento significa fortalecer a indústria de construção, gerar emprego, renda e propiciar crédito para milhares de brasileiros que desejam adquirir moradia, um direito básico e dos mais acalentados sonhos de consumo. Ao olhar a participação desse segmento de crédito no PIB, constata-se que há muito chão a percorrer. Enquanto o Brasil registra a proporção de 2% em relação ao PIB, o Chile tem 20%, a França chega a 28%, a Espanha, a 45% e a Inglaterra ultrapassa 75%.

Outro passo relevante é a reestruturação na área de seguros e previdência. O Banco do Brasil aposta na expansão de um segmento que hoje detém apenas 3% do PIB, enquanto a média internacional é em torno de 9%. Com a economia estável e os juros declinantes, o sentimento de proteção de bens e conquistas será o propulsor de vendas de seguros e planos de previdência.

Todos esses movimentos internos complementam-se com nossa atuação internacional mais vigorosa. Na área externa, o BB consolida a estratégia de acompanhar o processo de internacionalização das mais de 130 empresas nacionais com presença no exterior. As empresas brasileiras lá fora atuam em cadeias produtivas estratégicas como aviação, alimentos, energia, construção, mineração, têxtil, calçados, etc. Desse grupo, as 20 maiores possuem US$ 73,8 bilhões em ativos no exterior, de acordo com ranking 2008 da Fundação Dom Cabral. Portanto, são empresas que demandam soluções globais em serviços e financiamentos bancários. Além de apoiar as empresas, os passos do Banco do Brasil no mercado internacional levam em conta a existência de uma comunidade de cerca de 4 milhões de cidadãos brasileiros residentes fora do país.

O interesse do Banco do Brasil em estabelecer negócios nos Estados Unidos, com os parceiros do Mercosul, Ásia e África explora ainda as veias de negócios abertas pela política externa brasileira, dentro de um contexto internacional de intensa concorrência.

As oportunidades não devem ser desperdiçadas e a competitividade será mais acirrada. Sob esse aspecto, a recente perspectiva de negociar ações na bolsa de Nova York, sem alterar o controle da União, assegura novos investidores e valoriza ainda mais o Banco do Brasil como patrimônio de toda a sociedade brasileira.

O Brasil tem pela frente, entre outros, os desafios de enfatizar a qualidade da educação, fomentar a inovação e ampliar investimentos. Em infraestrutura teremos ainda as oportunidades criadas com a realização dos dois maiores eventos esportivos mundiais. O Banco do Brasil, além do orgulho pela cultura e pelo esporte nacional ¿ em particular a brilhante trajetória do vôlei ¿ ,certamente estará presente nos empreendimentos que serão herança de bem-estar e de qualidade de vida para a população brasileira.

Ao desfrutar deste momento especial da vida do país, o Banco do Brasil sabe que também deu sua contribuição. Quando se reconhece hoje a força econômica que vem do interior, vale lembrar que a presença do BB e seus funcionários ¿ nos mais remotos municípios do país ¿ faz parte dessa transformação. Posso afirmar que o melhor presente nos 201 anos do Banco do Brasil é estar preparado para crescer e continuar a atender nossos milhões de clientes, aqui ou em qualquer lugar do mundo.

Não se trata de ¿ir na onda¿, ou apenas aproveitar o vento, mas sim de muito suor no presente, confiança e uma visão correta sobre os desafios do futuro. Afinal, diz a máxima, ¿se você não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável¿. Felizmente sabemos e estamos cuidando muito bem do nosso destino.