Título: BC não consegue mexer em expectativa de inflação
Autor: Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 24/02/2013, Economia, p. 40

Economistas alertam que as previsões de aumento contínuo de preços acabam pressionando mais os índices

BRASÍLIA Qual o remédio para conter a persistente inflação? As opiniões divergem. Há quem diga que o ideal seria aumentar juros imediatamente para conter a escalada de preços generalizada na economia, que caminha para estourar a meta nos próximos meses. Do outro lado, há quem acredite que o Banco Central (BC) deveria ficar imóvel e esperar. Enquanto isso, poderia apenas atuar para melhorar as expectativas: o ponto mais fraco.

Tanto a equipe econômica quanto os analistas têm errado sistematicamente suas projeções. O ano passado começou com a previsão de crescimento de 3,5% feita pelo BC. O mercado apostava em 3,3%. Agora, a expectativa é que não chegue a 1% de crescimento em 2012. Para a inflação, a projeção do BC era de 4,8%. Os analistas tinham uma estimativa maior, de 5,32%. No entanto, o aumento de preços foi de 5,84%.

De acordo com uma fonte do governo, está mais difícil fazer previsões porque a economia brasileira passou por grandes transformações nos últimos anos e os modelos econométricos são os mesmos. O comportamento das variáveis econômicas é outro. Elas respondem de forma diferente aos mesmos estímulos do passado.

- Assim como mudou a trajetória, a relação entre as variáveis muda - afirmou o técnico - É natural que seja mais complicado.

"sOLUÇÃO É AUMENTAR JUROS"

Economistas das duas principais correntes concordam: o BC não tem conseguido gerir as expectativas. Nessa guerra de previsões, sem um parâmetro, o empresário pesa a mão na hora de ajustar seus preços e põe combustível no problema. Hoje, o IPCA acumulado em 12 meses está em 6,15%.

Por isso, para o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nobrega, a saída é subir os juros. Ele diz acreditar que a taxa não deveria estar em menos de 8% ao ano ou 9% ao ano. Maílson argumenta que a inflação está perigosamente alta, mas ainda não está descontrolada. Ele é categórico: diz que a inflação é um problema de demanda alta.

- A solução é simples e direta: é aumentar os juros - diz o economista.