Título: Colégio no Rio recebe nome de Stuart Angel
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 26/02/2013, País, p. 3

Stuart Edgar Angel Jones, militante do MR-8 morto em 1971 após ter sido preso nas dependências da Aeronáutica, recebeu uma nova homenagem: virou nome de uma escola estadual inaugurada ontem em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio. Durante a inauguração, a jornalista Hildegard Angel disse que a família deseja que o caso do irmão seja investigado pela Comissão da Verdade do Rio, que será instalada em breve pelo governador Sérgio Cabral.

Em entrevista ao GLOBO na semana passada, o ex-presidente da OAB-RJ Wadih Damous, que comandará os trabalhos da comissão do Rio, disse que, entre os casos emblemáticos que gostaria de apurar, está o de Stuart.

- Eu gostaria que o caso fosse apurado pela comissão. A gente brigou muito por isso, tem que ir até o fim. A gente sabe quem comandou isso, o brigadeiro João Paulo Burnier, e a gente quer isso (a investigação) - disse Hildegard.

Ainda durante a ditadura militar, em 1982, o irmão de Hildegard foi homenageado e deu nome à praça em frente à Base Aérea do Galeão. A iniciativa de batizar a escola em Senador Camará com o nome de Stuart partiu de José Carlos Jesus Abreu, de 65 anos, que militou junto com o filho de Zuzu Angel. Ele estudou física na Universidade Federal do Rio (UFRJ) quando Stuart fazia Economia. Abreu procurou a associação de moradores e deu a ideia para o nome. Foram recolhidas assinaturas para que a iniciativa se tornasse realidade:

- Essa foi uma forma de homenagear o meu camarada.

Na inauguração, que reuniu cerca de cem pessoas, amigos da família Angel e ex-militantes de esquerda usaram camisas vermelhas com a imagem de Stuart em preto. Havia também um banner com a imagem dele com uma flecha cravada ao corpo.

- Esta inauguração tem significado especial porque ele era um estudante, e essa História do Brasil ainda não está contada nas escolas - disse Hildegard.

Preso cinco vezes na ditadura, e militante do MR-8 no mesmo período que Stuart, o ator Bemvindo Sequeira se emocionou na cerimônia. Ao comentar o trabalho da Comissão da Verdade, ele cobrou a divulgação dos nomes dos torturadores:

- Acho que temos que identificar quem fez essas maldades, temos que dar nome aos bois. Falta punir essas pessoas por um crime imprescritível, que é a tortura.