Título: Número de casos de dengue quase triplica no país em 2013
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 26/02/2013, País, p. 4

Do inicio de janeiro até o dia 16 deste mês foram registrados 204.650 casos de dengue no país, conforme levantamento divulgado ontem pelo Ministério da Saúde - num aumento de 190% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram notificados 70.489 casos. Ou seja, os casos quase triplicaram em 2013.

Entre os estados com os mais altos índices de expansão da doença estão Mato Grosso do Sul, com crescimento de 4.757%, Paraná, 3.235%, e Minas Gerais, com 841%. Pelos dados do ministério, 84,6% dos casos estão concentrados em apenas oito estados, entre eles o Rio de Janeiro.

No Rio, porém, houve uma queda de 10% em relação ao mesmo período de 2012. Em janeiro e na primeira quinzena de fevereiro foram anotados 14.838 casos; no mesmo período de 2012, 16.398 casos.

Ainda assim, o Rio ainda está na lista de estados com a maior concentração da doença e também está na lista de cidades em situação de alerta, conforme o mais recente Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (Lira) do ministério. Pelo Lira, 267 municípios estão em situação de risco, 487 em situação de alerta e 238 em situação satisfatória. O Lira é resultado de pesquisa por amostragem.

NÚMERO DE MORTES CAI

Apesar do aumento do número de notificações, o ministério registrou queda nas mortes e também dos casos graves. Este ano, a dengue já causou a morte de 33 pessoas. O número indica uma redução de 20% em relação as 41 mortes registradas no mesmo período ano passado. Os casos graves caíram 44%.

Para o ministro Alexandre Padilha, estes números mostram que os investimentos públicos tiveram resultado, embora não tenham impedido o avanço da doença.

Além do Rio de Janeiro, os outros estados em que os casos estão concentrados são Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Espírito Santo.

Para Padilha, o momento é de alerta geral. O ciclo de transmissão da doença está em fase inicial e só deve terminar em maio. Oficialmente, o governo atribui a explosão dos casos de dengue a mudanças climáticas e à expansão do novo tipo de vírus dengue, batizado de DENV-4, que surgiu há três anos em alguns estados e, agora, teria se alastrado por todas as unidades da federação.

Por se tratar de um nova cepa, o vírus encontra menor resistência, e a tendência é que avance mais rapidamente que os tipos antigos.

Padilha sustenta, ainda, que a seca no Nordeste e o excesso de chuvas no Sudeste também favoreceram a expansão da doença muito além dos números registrados no verão passado.

Mas os problemas não param aí. Dados que o ministério prefere não divulgar indicam que entre as principais causas do avanço da dengue estão a interrupção e a precarização da coleta de lixo em algumas cidades. Prefeitos teriam relegado a coleta do lixo a segundo plano, deixando a saúde da população ainda mais exposta à proliferação do mosquito.

- Este é um momento de forte alerta - disse Padilha.

reforço na coleta de lixo

O ministro fez um apelo para que estados e municípios mais castigados pela doença reforcem a coleta de lixo e a limpeza de reservatórios de água, entre outras medidas. Padilha pediu ainda que população fique atenta à água e ao lixo acumulados em quintais, borracharias e ferros-velhos, entre outras áreas particulares. Muitas vezes, agentes encarregados de localizar e acabar com os criadouros do mosquito têm dificuldades de entrar nestes locais.

Segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, prefeitos podem se antecipar a futuros focos da doença com ações de controle em áreas específicas. Padilha disse ainda que o ministério continuará com as campanhas publicitárias para alertar a população sobre risco da doença e, com isso, incentivar as pessoas a eliminar criadouros do mosquito em áreas particulares.