Título: BC agirá contra forte oscilação do dólar
Autor: Neto, João Sorima; Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 26/02/2013, Economia, p. 21

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse ontem que a autoridade monetária vai reagir à volatilidade nos mercados de câmbio, acrescentando que o governo trabalha para ancorar as expectativas de inflação em direção à meta oficial de 4,5% pelo IPCA.

- Vamos reagir a qualquer volatilidade nos mercados de câmbio - disse Tombini em Nova York. - O banco vai cortar a volatilidade em excesso.

Em 2012, o dólar subiu quase 10% ante o real e, este ano, o movimento é inverso, com queda de quase 4%. Para o mercado, o governo quer deixar o dólar mais fraco para segurar a inflação, que dá sinais robustos.

O mercado deu continuidade ontem aos ajustes de suas projeções para este ano ao reduzir a perspectiva de inflação - de 5,70% para 5,69% - e elevar a de expansão da economia - de 3,08% para 3,1%-, mantendo a estimativa da Selic em 7,25% neste ano, de acordo com a pesquisa semanal Focus do BC.

- Agora nós temos de ancorar novamente as expectativas de inflação - afirmou Tombini.

Em entrevista ao jornal "Wall Street Journal", publicada no domingo, Tombini já havia afirmado que a prioridade do órgão é combater a inflação e não estimular o crescimento.

"Nossa meta é a inflação, então temos que ajustar e calibrar nossas políticas para atingir nossos objetivos", disse Tombini ao "WSJ". "O crescimento não é uma meta do BC."

Isso bastou para que o mercado entendesse que o BC pode iniciar um novo ciclo de aperto monetário em março, se as pressões inflacionárias persistirem. "A fala de Tombini reforçou as apostas de uma alta moderada do juro básico (Selic)", disse a LCA Consultores.

"A taxa de câmbio não é um instrumento nem para combater inflação nem para promover um crescimento econômico sustentável", disse, acrescentando que o BC pode intervir no mercado de câmbio para impedir uma volatilidade excessiva da moeda.

Tombini voltou a repetir que a inflação tem mostrado "resistência", mas reafirmou que a avaliação do BC é a de que IPCA acumulado em 12 meses vai recuar no segundo semestre. Isso acalmou um pouco os investidores e os juros futuros recuaram. O DI de janeiro de 2015 fechou o pregão projetando taxa de 8,45%, ante 8,51% na sexta-feira. O de janeiro de 2017 recuou de 9,20% para 9,12%, e o de 2014, de 7,83% para 7,80%.

A eleição italiana também influenciou o mercado. Com pesquisas mostrando boa votação da coalizão do ex-premier Silvio Berlusconi, os principais índices acionários americanos passaram a cair e o Ibovespa, seguiu, com queda de 0,14%, aos 56.617 pontos. O dólar fechou em alta de 0,30%, a R$ 1,975 na compra e R$ 1,977 na venda.