Título: Foi dada a partida para 2014
Autor:
Fonte: O Globo, 24/02/2013, País, p. 14

A semana que passou foi pródiga. Como se tivessem combinado, Dilma Rousseff, Aécio Neves, Eduardo Campos e Marina Silva apresentaram-se para disputar a próxima eleição presidencial. Com isso, dois fortes ex-candidatos tornaram-se fortíssimos "eleitores": Lula e Serra.

O cenário que se deslumbra põe PT e PSDB, novamente, na condição, como se diz, de "cavalos" ganhadores nessa nova corrida. Eduardo Campos, PSB, e Marina Silva, a criar o seu partido, seriam fortes coadjuvantes, capazes de forçar um segundo turno. Este cenário será, mais uma vez, uma disputa ferrenha entre direita e esquerda. Isto ficou claro na festa petista de dez anos de poder e no discurso tucano no senado. O passo seguinte será o da construção de alianças. O PT já está coligado com o PMDB, o maior partido, porém sem garantias de apoio total, vale dizer, inclusive, nas bases municipais. Sendo uma federação de lideranças regionais com fortes interesses locais a possibilidade de "cristianização" parcial da Dilma pode ganhar corpo.

O resultado da eleição de 2012 nos grandes colégios eleitorais é um excelente indicador do que teremos pela frente. De um lado, as forças pró-PT, caso do PDT em Porto Alegre e Curitiba; Fernando Haddad em São Paulo; Eduardo Paes e Sérgio Cabral no Rio; e outras capitais menores. De outro, as pró-tucanas: Márcio Lacerda (PSB) em Belo Horizonte (não garantida), ACM Neto (DEM) em Salvador e Arthur Virgílio (PSDB) em Manaus. O desequilíbrio deste confronto vem com o PSB no nordeste, com suas vitórias em Recife e Fortaleza, daí a ascensão de Eduardo Campos.

Não há mais dúvida que Eduardo Campos tornou-se o pivô da eleição presidencial de 2014. Para onde ele for teremos resultados diferentes, no primeiro e/ou no segundo turno. Como na política tudo é possível, podemos arriscar falando do futuro longínquo.

Se Campos apoiar Dilma, saindo para o Senado, a eleição virará plebiscitária com fortíssima probabilidade de vitória do PT, mesmo com a economia ainda acanhada, pois o que fez Dilma ganhar foi a extraordinária mudança promovida pelo PT, "foi a maciça ascensão social que ganhou, estúpido!" Se Eduardo Campos apoiar Aécio, como seu vice, teremos um segundo turno que será definido no "photochart", qualquer que seja a situação econômica.

Como diria Nenê Prancha, filósofo do futebol de praia, "esse menino em qualquer posição desequilibra o jogo".