Título: PSD começa a formalizar ingresso no governo Dilma
Autor: Krakovics, Fernanda
Fonte: O Globo, 28/02/2013, País, p. 6

Com os principais partidos já se movimentando rumo a 2014, o PSD tratou de definir seu território no xadrez da política, mesmo ainda sem consenso. Ontem, o partido do ex-prefeito Gilberto Kassab deu o primeiro passo para formalizar a adesão ao governo federal e à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Até o momento, o partido se autoproclama independente, mas vota com o governo. Kassab afirmou que o anúncio de apoio à reeleição de Dilma não está atrelado à ocupação de ministérios.

Mas a expectativa é que o PSD seja contemplado na reforma ministerial que a presidente vem adiado, mas que deve ocorrer no mês que vem. O partido é cotado para o Ministério das Micro e Pequenas Empresas e para a Secretaria Especial de Aviação Civil.

Em reunião ontem da Executiva Nacional, os diretórios da Bahia, Rio Grande do Norte e Rondônia manifestaram apoio à entrada da sigla na base aliada. O PSD ouvirá todos os diretórios, mas a decisão, na verdade, já está tomada. Mesmo nos estados onde o PSD tem problemas com o PT, como no Acre e em Minas, os diretórios não deixarão de apoiar Dilma.

- Queremos deixar claro que o partido não vai vincular sua decisão à participação no governo. O partido não irá fazer o toma lá dá cá. Essa é uma prática velha, que queremos que seja uma página virada - disse Kassab.

Este não é o sentimento, entretanto, de todo o partido, que tem a terceira maior bancada da Câmara dos Deputados e deseja participar do governo, com cargos. Na reunião da Executiva, o deputado Júlio César (PSD-PI) afirmou que o partido tem que ter uma participação no governo condizente com seu tamanho:

- Fui avisado que se discutiria se o partido participaria ou não do governo. Se for participar, que seja proporcional a nosso tamanho.

A presidente Dilma pretende fazer mudanças pontuais no Ministério, justamente para acomodar novos aliados, como o PSD, e aliados afastados do governo durante a chamada faxina ética, como o PR do ex-ministro e senador Alfredo Nascimento, e a ala do PDT ligada ao ex-ministro Carlos Lupi.

As divergências internas no PDT retardam a reforma ministerial e atrasam também a entrada do PSD de Kassab no governo Dilma. Mas para o PSD assumir o futuro Ministério da Micro e Pequena Empresa, o Senado ainda precisa aprovar a criação da pasta.