Título: Real: a maior valorização entre as principais moedas
Autor: Villas Bôas, Bruno
Fonte: O Globo, 28/02/2013, Economia, p. 23

Com a mudança de estratégia do governo em relação ao mercado de câmbio, e a consequente queda da cotação do dólar, o real se tornou a moeda com maior valorização do mundo este ano, numa lista que inclui as 16 principais moedas do planeta. O real avançou 3,50% em 2013 até ontem, liderando com folga o ranking das divisas, segundo dados da agência Bloomberg News. Isso significa que o custo de se comprar dólares no Brasil caiu mais do que em outros lugares. Para especialistas, a valorização deve continuar, com o governo usando a cotação do câmbio para tentar reduzir a inflação no país.

Depois do real, apenas outras duas moedas ganharam terreno frente ao dólar americano: a coroa sueca, com um avanço de 1,14% no ano; e o peso mexicano, com alta de 0,69%. Outras 13 divisas se enfraqueceram, com destaque ao rand sul-africano (-3,90%), iene (-5,87%) e libra (-6,77%).

Segundo Felipe Pellegrini, gerente da mesa de operações do banco Confidence, a valorização do real reflete as intervenções do governo brasileiro, como as vendas de moeda pelo Banco Central (BC) e a revogação de medidas que restringiam a entrada de dólares.

- O real valorizado torna produtos importados mais baratos, o que ajuda a reduzir preços no país. Mas acho que a moeda tinha também ultrapassado um limite de alta - avalia Pellegrinni.

Ontem, o dólar comercial fechou em queda de 0,60%, a R$ 1,974. A baixa foi intensificada após a presidente Dilma Rousseff declarar que está comprometida em manter a inflação do país sob controle e o câmbio flexível.

João Medeiros, diretor da corretora Pioneer, lembra que, no ano passado, o real tinha recuado forte frente ao dólar e teria, portanto, "gordura para queimar" em 2013. O dólar avançou 9,31% no ano passado, para R$ 2,043.

- O governo incentivou a alta em 2012 mirando o crescimento, mas acertou a inflação. Existem setores relevantes que são grandes importadores, como petroquímico e eletroeletrônico. É uma clara falta de planejamento da parte do governo - avalia Medeiros.