Título: Longevidade em alta
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Fonte: Correio Braziliense, 23/10/2009, Opinião, p. 20

O Brasil melhorou. A pesquisa Síntese de Indicadores Sociais, do IBGE, comprova-o com números. Em 10 anos, a expectativa de vida dos brasileiros saltou de 67,9 anos para 72,7 anos. Entre 1998 e 2008, as mulheres ganharam mais tempo de vida que os homens. São 3,2 anos de vantagem. Elas passaram de 73,6 anos para 76,8; eles, de 65,9 para 69,3.

Brasília mostrou cifras alentadoras. Há uma década ocupava o terceiro lugar no ranking da longevidade, atrás do Paraná e do Rio Grande do Sul. Hoje figura no topo. Meninos e meninas que nascem aqui têm a possibilidade de viver três anos a mais do que os que vieram ao mundo em 1990. O salto se deve à melhoria da qualidade de vida e dos indicadores sociais.

O dado, importante, chama a atenção para a necessidade de investimentos em áreas cruciais para a população. Educação, saúde e segurança constituem desafios que exigem respostas cada vez mais rápidas e eficazes. Deles depende não só a manutenção do status conquistado pela capital federal mas também a conquista de pontos para avanços indispensáveis.

Mais escolaridade significa melhor salário e, claro, mais acesso a bens e serviços. Não basta, porém, aumentar a frequência à escola. O mundo moderno, marcado por espantoso progresso tecnológico, exige excelência do profissional. Impõe-se, pois, melhorar a qualidade do ensino. Embora o Distrito Federal esteja entre os mais bem avaliados do país, falta muito para chegar aos padrões exigidos pelas nações globalizadas. Prova-o o resultado vexatório dos testes internacionais aos quais os estudantes brasileiros se submetem.

A saúde também precisa de saltos qualitativos. É verdade que a capital da República dispõe de uma rede médico-hospitalar superior à dos estados brasileiros. É verdade também que as unidades sofrem enorme pressão de moradores do Entorno que, sem possibilidade de atendimento no lugar onde vivem, buscam socorro no Distrito Federal. Deve-se acolhê-los, claro. Mas se deve também buscar alternativa capaz de assegurar assistência eficaz aos brasilienses.

Segurança, trânsito e meio ambiente requerem atenção especial. Mortes violentas ¿ no asfalto, em confrontos de gangues, em brigas ou assaltos ¿ respondem pela queda da expectativa de vida. A qualidade da água, o controle da poluição, a manutenção da área verde, a fluidez do trânsito implicam não só investimentos em infraestrutura mas também cuidado com o crescimento urbano. A seis meses de completar 50 anos, Brasília oferece a seus habitantes a possibilidade de viver mais que nas demais unidades da Federação. Será que, ao atingir a idade de São Paulo, Rio ou Salvador, conseguirá exibir o mesmo troféu?