Título: Presidente da Itália descarta nova eleição
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Fonte: O Globo, 02/03/2013, Mundo, p. 38

Apesar do fracasso dos partidos mais votados em formar uma aliança, o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, descartou uma volta às urnas no curto prazo, alegando que o país precisa de estabilidade. O presidente está diante de um impasse nas negociações para um novo governo. A coalizão de centro-esquerda liderada por Pier Luigi Bersani conquistou a maioria na Câmara, mas não no Senado. Como as duas Casas têm poderes iguais, o governo não poderia aprovar leis, nem ganhar um voto de confiança. Ainda assim, Napolitano, que terminará seu mandato em maio, foi taxativo:

- Não estou interessado numa nova votação. Precisamos ver como dar à Itália um governo.

O país enfrenta sua mais longa recessão em duas décadas e o desemprego entre os jovens alcançou 39%.

manifestação pró-Berlusconi

Diante deste quadro, Bersani tem enfrentado pressões para renunciar. Aliados alegam que ele deveria ser substituído por Matteo Renzi, prefeito de Florença, derrotado nas primárias para escolha do líder da coalizão. Mas Bersani tenta reagir com um plano de governo de oito pontos que será apresentado a Napolitano numa reunião, na quarta-feira.

Bersani já descartou a hipótese de uma aliança com a centro-direita, do ex-premier Silvio Berlusconi:

- Quero dizer claramente: a ideia de uma grande coalizão não existe e nunca existirá.

Com a atitude, o político fecha as portas a uma das duas alternativas para formação de um governo. Resta à coalizão esperar que o Movimento 5 Estrelas (M5S) decida apoiá-lo, uma hipótese improvável quando se leva em conta os insultos escritos por seu líder, o comediante Beppe Grillo, em seu blog. Ele se referiu a Bersani como "um morto que fala" e o acusou de perseguir o grupo com propostas indecentes. Mesmo assim, Bersani aposta que suas diretrizes de governo, que encampam propostas do M5S, possam resolver o problema.

- Chame do que quiser, governo de minoria, governo de propósito limitado, não me importa. Para mim, é um governo de mudança - disse Bersani.

Enquanto o impasse persiste, Berlusconi volta a enfrentar a Justiça. Promotores de Milão pediram que um tribunal de apelação mantivesse a pena de quatro anos de prisão num caso de evasão fiscal. Ele foi condenado em outubro e a pena foi reduzida a um ano, mas acabou suspensa.

- Meu grupo pagou ¬ 6 bilhões ao Estado italiano - disse, alegando que deveria receber uma medalha de ouro por sua contribuição para a economia.

O ex-premier é também acusado de subornar o senador Sergio de Gregorio com ¬ 3 milhões para que se juntasse ao partido Povo da Liberdade, em 2006. O movimento ajudou a derrubar o governo de Romano Prodi. Berlusconi diz que o senador confirma o caso porque foi ameaçado de prisão pelos promotores. Ele disse que seu partido fará manifestação em sua defesa no dia 23.