Título: Dilma afaga PMDB em jantar para Sarney
Autor: Gama, Júnia
Fonte: O Globo, 01/03/2013, País, p. 7

Enquanto o ex-presidente Lula e o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, tentam se acertar, a presidente Dilma Rousseff fez mais um gesto de agrado ao PMDB em jantar com a cúpula do partido e o vice-presidente, Michel Temer, na noite da última quarta-feira. Dias antes, Dilma recebeu de Temer a garantia de que a convenção nacional do PMDB, amanhã, será pacífica, sem agressões à presidente e ao PT. Em conversas reservadas esta semana, Temer assegurou que a moção proibindo palanque duplo em todos os estados não deverá ser aprovada, provavelmente sendo restrita ao Rio de Janeiro.

O gesto de Temer foi motivado por recados do Palácio do Planalto de que o "prêmio" que o PMDB receberá na reforma ministerial prevista para março dependerá de seu bom comportamento. Também em conversas reservadas nos últimos dias, Dilma disse que Temer é seu escolhido para continuar como vice, apesar das especulações sobre movimentos do ex-presidente Lula para pôr Campos em seu lugar. Sinalizou ainda que o PMDB deverá ficar com o Ministério dos Transportes, uma das pastas mais cobiçadas da Esplanada.

Ontem, Dilma fez mais um afago ao PMDB: recebeu Temer e os líderes do partido na Câmara, Eduardo Cunha, e no Senado, Eunício Oliveira.

No jantar de quarta-feira à noite, em homenagem ao senador José Sarney (PMDB-AP), a presidente permaneceu no Palácio do Jaburu por cerca de uma hora, em uma mesa com os presidentes da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Temer, Sarney e sua filha Roseana, governadora do Maranhão.

De acordo com relatos, Dilma foi bastante cortejada, ganhou elogios por sua pele e seu cabelo, e respondeu com simpatia aos pedidos para tirar fotos. Porém, manteve-se reservada, evitando falar de política. A presidente não discursou no evento, o que incomodou alguns parlamentares que esperavam uma homenagem dela a Sarney. Mas a cúpula do partido não alimenta, no momento, as insatisfações, pois aposta em reforçar a aliança.

- Há insatisfações, o PMDB é um partido muito complexo. Se até o PT, que tem 14 ministérios, não está satisfeito, imagina o PMDB. O que haverá na convenção é uma defesa das candidaturas próprias, importante para o partido crescer, mas não haverá declaração de guerra ao PT. É preciso que isso não contamine o cenário nacional. Michel Temer vem agindo como bombeiro e orienta a base a ter calma e a não misturar o evento do partido com a disputa de 2014 - disse um interlocutor do vice-presidente.