Título: Governo renegocia débitos de R$ 3 bi de pequenos agricultores
Autor: Valente, Gabriela; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 01/03/2013, Economia, p. 35

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem medidas de apoio a pequenos agricultores do Nordeste afetados pela seca. A equipe econômica prorrogou o prazo para a contratação de crédito subsidiado para esses agricultores e esticou o prazo para que os produtores da região paguem as dívidas. Os agricultores com parcelas vencidas poderão renegociar as dívidas até 1º de julho. Os produtores que perderam pelo menos 30% da renda e aceitarem as novas condições poderão pagar os débitos em até cinco anos. Segundo Mantega, o crédito a ser renegociado é de R$ 3 bilhões e envolve 730 mil operações. Num esforço para mostrar o compromisso do governo com o setor agrícola, Mantega anunciou pessoalmente as decisões do Conselho Monetário Nacional (CMN) para esta área.

- São medidas de grande importância. Os agricultores perderam muito com a seca e o governo está dando um suporte financeiro importante - disse o ministro.

O governo ainda prorrogou para 31 de maio uma linha de crédito do Banco do Nordeste de R$ 2,4 bilhões que vencia ontem. Agricultores do Pronaf já contrataram R$ 1,9 bilhão. Até 250 mil pequenos produtores podem se beneficiar com empréstimos com juros de 1% ao ano, carência de três anos, e um bônus por pontualidade de 40% de abatimento na parcela. Com o novo fôlego, o governo espera que esses produtores voltem a plantar.

- O objetivo é ajudar na alimentação animal que tem encarecido bastante - explicou João Rabelo, secretário-adjunto de Política Econômica.

Mais linhas para corretoras

Na reunião de ontem, o CMN também decidiu liberar o acesso às linhas de liquidez de um dia útil a todas as instituições financeiras como corretoras, financeiras, cooperativas de crédito e distribuidoras. Antes, esse "cheque especial" era oferecido pelo Banco Central (BC) apenas para os bancos. Esse recursos são usados para que as instituições fechem o caixa.

O estímulo ao uso dessas linhas é classificado por economistas como um jeito de estimular o crédito no cenário de baixo crescimento sem precisar alterar a política monetária. Essas instituições podiam operar no vermelho durante o dia, mas não virar a noite com esse débito. Se isso acontecesse, os títulos dados em garantia nas operações financeiras ficavam com o BC. Agora, tem a opção do "overnight". Na semana passada, o BC cortou os juros dessas linhas. Nas de apenas um dia, as mais rotineiras, o custo passou de taxa básica (Selic) mais 6% para Selic mais 1%.

- Não é algo muito frequente, mas pode ocorrer de a instituição precisar - afirmou o diretor de Administração do BC, Altamir Lopes.

Os ministros do CMN ainda aprovaram o balanço do Banco Central. No ano passado, a autoridade monetária apresentou lucro de R$ 24 bilhões. A alta do dólar no ano passado ajudou a autarquia a ter o maior lucro já visto desde quando começou a registrar os dados em 2008.