Título: Para entidades, escolha da Câmara usurpa a História
Autor: Éboli, Evandro; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 06/03/2013, País, p. 3

A Plataforma Brasileira de Direitos Humanos (Dhesca Brasil), que reúne 36 entidades da sociedade civil, publicou ontem nota contra a designação do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

"A contaminação da Comissão por uma visão conservadora fundamentada em uma vertente religiosa coloca em suspeição sua atuação e usurpa a sua história. A possível implementação de um discurso de negação, e não afirmação de direitos, é um retrocesso e anacronismo na luta Histórica em defesa dos Direitos Humanos no Brasil", escreveram as entidades, criticando o que chamaram de "contaminação de espaços plurais de reafirmação e defesa de direitos por visões de mundo religiosas e intolerantes".

A nota lembra que desde a sua criação, a comissão possui "importante e indiscutível papel de garantia de direitos segmentos vulnerabilizados e das minorias", e que por isso seria importante que a presidência fosse ocupada por alguém com "reconhecimento da diversidade e da tolerância". O texto foi republicado pelo Movimento Nacional dos Direitos Humanos.

O diretor-executivo da Anistia Internacional Brasil, Atila Roque, também lembrou o papel da comissão "na garantia da pluralidade de vozes e identidades da sociedade brasileira" desde sua criação.

- Espero que o pastor não traga para a Comissão suas convicções pessoais, que não devem tomar a agenda pública republicana. A pluralidade de modos de existir no mundo deve ter seu espaço e ser respeitada, e não ser atacada - afirmou.