Título: Barbosa manda jornalista chafurdar no lixo e se desculpa
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Fonte: O Globo, 06/03/2013, País, p. 8

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, recomendou que um repórter do jornal "O Estado de S. Paulo" fosse "chafurdar no lixo". Em seguida, o chamou de "palhaço". As declarações foram dadas diante de uma tentativa de pergunta do jornalista, na saída da sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Cerca de duas horas depois, a assessoria de imprensa do tribunal divulgou nota pedindo desculpas.

O documento foi assinado pelo secretário de Comunicação Social da Corte, Wellington Geraldo Silva. O repórter iniciou o diálogo perguntando: "Presidente, como o senhor está vendo...". Antes de terminar, veio a resposta de Barbosa:

- Não estou vendo nada. Me deixa em paz, rapaz. Me deixa em paz. Vá chafurdar no lixo, como você faz sempre - afirmou.

episódio foi isolado, diz nota

Na nota divulgada, o secretário de comunicação do STF pediu desculpas e disse que o comportamento de Barbosa era isolado, pois ele teria um relacionamento positivo com a imprensa como padrão. "Em nome do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, peço desculpas aos profissionais de imprensa pelo episódio ocorrido hoje, quando após uma longa sessão do Conselho Nacional de Justiça, o presidente, tomado pelo cansaço e por fortes dores, respondeu de forma ríspida à abordagem feita por um repórter. Trata-se de episódio isolado que não condiz com o histórico de relacionamento do ministro com a imprensa", diz a nota.

O mesmo texto diz que Barbosa "reafirma sua crença no importante papel desempenhado pela imprensa em uma democracia". Diz, ainda, que o apego do ministro à liberdade de opinião "está expresso em seu permanente diálogo com profissionais dos mais diversos veículos". A nota informa que, prova disso, é a audiência marcada para a quinta-feira com Carlos Lauria, representante do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), ONG com sede em Nova York.

O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Nino Toldo, reagiu com indignação à atitude de Barbosa.

- Ao reagir mal a uma simples pergunta de um repórter do jornal "O Estado de S. Paulo", o ministro Joaquim Barbosa demonstrou sua intolerância à contrariedade. O Código de Ética da Magistratura recomenda aos magistrados cortesia, prudência e serenidade nas suas relações, dispondo, ainda, que ao magistrado é vedado procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções - disse.