Título: Corpo a corpo no Congresso reúne pré-candidatos ao governo do Rio
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 06/03/2013, Economia, p. 21

Um batalhão de 50 deputados estaduais e prefeitos do Rio de Janeiro e Espírito Santo engrossaram ontem as fileiras das bancadas federais do Rio e Espírito Santo, que permaneceram todo o dia em "estado de guerra" em comissões da Câmara articulando estratégias para tentar evitar o que chamaram de "maior golpe" impetrado contra o povo dos dois estados. Com as disputas para governador começando a esquentar, o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), desembarcou em Brasília para disputar os holofotes com o petista e também pré-candidato Lindbergh Farias (PT-RJ), até agora um dos mais atuantes porta-vozes da briga contra a derrubada dos vetos da presidente Dilma Rousseff à lei que redistribuiu os royalties do petróleo.

No centro da mesa de reunião, Pezão passou toda a tarde com as bancadas do Rio e Espirito Santo em que os parlamentares, raivosos, xingaram muito a presidente Dilma e alertaram para a abertura de uma brecha para mudar também a lei dos royalties da mineração.

- Hoje eu é que estou aqui na linha de frente. Cabral vem amanhã, mas estamos unidos. O que interessa é defender o Rio - disse Pezão.

Cabral só chega hoje

Lindbergh passou rapidamente pelo encontro das bancadas, abraçou Pezão, mas saiu para participar de outras reuniões com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Para deixar Pezão aparecer, Cabral permaneceu no Rio e só nesta quarta-feira viria a Brasília para participar no Planalto de uma solenidade sobre mobilidade urbana.

- Essa reunião não adianta para nada - disse Lindbergh.

- O Pezão é o camerlengo do Cabral. Ele está repassando tudo para o Pezão. Mas o Lindbergh é muito mais carismático, é quem aparecerá brigando no plenário. E nesse caso dos royalties dá de braçada no Pezão - comentou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

Cerrando fileiras contra a derrubada dos vetos também estavam Anthony Garotinho, candidato do PR. Por telefone, depois de se reunir com Renan, orientou sua mulher, Rosinha Garotinho, prefeita de Campos, para que combinasse com algum dos parlamentares impetrar um mandado de segurança contra o presidente do Senado, por insistir em colocar em votação uma matéria irregular - em razão da republicação de dois vetos.

- Hoje aqui não tem candidato. Está todo mundo igual. O importante é ganhar os royalties para o Rio. Depois pensamos na eleição - disse Anthony Garotinho.

Até o deputado Miro Teixeira, que admite disputar o governo se o PDT aprovar sua candidatura, estava na briga.

- Sou carioca e lógico que quero administrar o Rio. E de todos aqui, eu sou quem está defendendo melhor os interesses do Rio de Janeiro - disse.

Os parlamentares capixabas e cariocas bateram pesado na presidente Dilma. Consideraram que ela "lavou as mãos" ao não articular sua base para manter seu veto. O deputado Simão Sessim (PP-RJ) disse que a presidente Dilma é o novo "Pilatos" ao jogar a decisão para o Congresso , onde os parlamentares de outros estados fazem tudo por dinheiro.

O deputado Jorge Bittar (PT-RJ) ainda tentou defender Dilma, dizendo que ela fora corajosa em fazer o veto.

O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) acusou a presidente Dilma de não ter usado os instrumentos que possui para convencer sua base a manter seu veto.