Título: Omissos ganham tempo
Autor: Lima, Daniela
Fonte: Correio Braziliense, 22/10/2009, Política, p. 4

Novo prazo para os 828 que ignoraram censo interno é até segunda-feira. Vice-presidente da Casa cobra corte de vencimentos

O Senado decidiu prorrogar pela segunda vez o prazo para recadastramento de seus funcionários. A intenção é fazer com que os 828 servidores (13,2% do quadro total da Casa) omissos até agora finalmente atendam ao chamado da Diretoria-Geral. Eles terão até a meia-noite da próxima segunda-feira (26 ) para concluir o censo. Com isso, chega a 61 dias o prazo dado para o preenchimento dos formulários. Há quem não tenha tanta paciência. Na tarde de ontem, o senador Marconi Perillo (PSDB-GO), vice-presidente do Senado, fez um requerimento pedindo a suspensão dos salários dos que não se recadastraram e a abertura de processo administrativo contra todos eles.

Com a prorrogação do prazo, a diretoria espera que o número de adeptos ao censo aumente. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, dos 828 servidores, 663 teriam iniciado o recadastramento, mas não finalizaram o processo, o que só ocorre com a impressão de um comprovante. Por conta disso, garante o órgão, estariam entre os quase mil que ignoraram o censo. Portanto, seriam 165 os funcionários que nem teriam sequer dado início ao recadastramento.

O senador Marconi Perillo disse que sua preocupação é com o pagamento indevido de salários. ¿O número é alto e é preciso apuração rigorosa para evitar que desvios ou equívocos administrativos comprometam a Casa¿, afirmou. Ele disse ainda que, se a Diretoria de Recursos Humanos não apresentar resultados até a próxima quinta, vai fazer uma cobrança na reunião da Mesa Diretora.

Moralidade No início, o censo foi celebrado pelos senadores como parte do pacote moralizador que contribuiria para a identificação de servidores fantasmas e a identificação de nepotismo (contratações de parentes). A intenção da Diretoria-Geral era suspender os salários dos funcionários que não respondessem ao recadastramento. Na terça-feira, no entanto, foi dito que seria realizado um levantamento detalhado para identificar possíveis irregularidades, caso a caso. Ontem, a assessoria do órgão garantiu que haverá suspensão dos vencimentos de quem não enviar os dados.

A suspensão seria iniciada na terça-feira, dia 27, quando acaba o prazo para os retardatários após abertura de processo administrativo. Mas haverá um tempo para defesa desses servidores até que os salários sejam bloqueados. A medida só será aplicada efetivamente em 21 de novembro, quando são depositados os salários do mês de outubro. Portanto, não terá implicação imediata.

O censo será usado para implementar uma política mais eficaz de recursos humanos no Senado. De posse dos dados, será possível traçar um perfil dos servidores da Casa, investir em capacitação profissional e mapear a distribuição desses funcionários.

Memória Na base da insistência

Em 25 de agosto, o Senado deu início ao recadastramento dos servidores. Eles deveriam iniciar o procedimento na rede interna da Casa, declarando dados como cargo, dependentes, lotação e o ramal em que atendem. O primeiro prazo terminou em 25 de setembro. Na época, 64% dos funcionários fizeram o ¿dever de casa¿. O Senado optou pela prorrogação até 16 de outubro. A campanha foi intensificada, com cartazes pelos corredores e avisos na intranet. Ao fim, 13,2% ainda não tinham concluído o recadastramento. Novo prazo foi aberto, até as 0h do dia 26.