Título: Dilma e Lula vão juntos a funeral de Chávez
Autor: Costa, Mariana Timóteo da
Fonte: O Globo, 08/03/2013, Mundo, p. 32

Acompanhada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff chegou a Caracas ontem por volta das 16h (horário de Brasília) para acompanhar o velório do presidente Hugo Chávez. Dilma decidiu retornar ontem mesmo a Brasília, depois que foi confirmada a informação de que o enterro de Chávez só ocorrerá na próxima semana. Oficialmente, no entanto, a Presidência não vinculou a decisão de retorno da presidente ao longo velório. Ela participa hoje de solenidade em Brasília em homenagem a mulheres. A presidente embarcou às 11h05m. Da base aérea, Dilma e Lula foram direto para a casa do embaixador brasileiro em Caracas, José Antônio Marcondes de Carvalho, onde ficaram reunidos. No avião, além de Lula viajaram também uma comitiva médica e o governador da Bahia, Jaques Wagner. Em outro avião do governo, que embarcou em seguida, estavam o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o porta-voz de Dilma, Thomas Traumann, o presidente do PC do B, Renato Rabelo, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), o líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), o deputado Josias Gomes (PT-BA), a deputada Perpétua Almeida (PC do B-AC) e o deputado Valmir Assunção (PT-BA). Os parlamentares viajaram a convite da presidente.

O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, principal interlocutor do governo brasileiro com o chavismo, não foi autorizado a viajar por conta de sua saúde. Ele passou por uma cirurgia no coração recentemente.

Em Brasília, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que o governo brasileiro tinha divergências com o venezuelano, mas reconhece a "revolução" que o líder promoveu naquele país. Para Gilberto, Chávez fez uma inversão de prioridades e colocou o interesse do povo em primeiro lugar.

- Nós tivemos divergências em uma série de itens, de pontos e métodos, mas é reconhecido, sem dúvida nenhuma, a inversão de prioridade que ele fez naquele país. É uma outra Venezuela hoje. Ele mexeu na qualidade de vida do povo, mexeu na estrutura social, colocou efetivos recursos públicos à serviço dos que precisam. Isso, numa América Latina que tem tradição das elites mandarem, da imensa exclusão do povo, das tradições de ditadura, isso é uma verdadeira revolução que aconteceu naquele país. Há problemas? Há. E agora esperamos que o povo venezuelano possa encaminhar seu melhor caminho, assim como nós no Brasil estamos buscando - afirmou.

Segundo Gilberto, Chávez inspirou outros governantes na América Latina. Sobre a sucessão do poder na Venezuela, o ministro brasileiro disse apenas que o governo Dilma manterá relação próxima com o povo venezuelano.

- Continuaremos nossa relação estreita com o povo da Venezuela. Nós entendemos que a América Latina é uma unidade e nós precisamos andar juntos. Cada um com seus erros, seus limites e seus acertos - avaliou Gilberto.