Título: Na Constituição, ainda consta como casamento a união de um homem e de uma mulher
Autor: Éboli, Evandro; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 08/03/2013, País, p. 3

Em seu discurso de posse na Comissão de Direitos Humanos, o deputado Marco Feliciano prometeu que vai mostrar, durante sua gestão, que não é racista nem homofóbico, mas, depois, em entrevista coletiva, confirmou que a tendência do seu grupo é não permitir que o colegiado seja transformado em palco para discussão de temas de interesse dos homossexuais, como a união civil de pessoas do mesmo sexo. Neste caso, alegou que se trata de uma questão já decidida pelo Supremo Tribunal Federal. Reafirmou também que é pessoalmente contra outras questões relacionadas a direitos humanos, como a adoção de crianças por casais homossexuais e aborto de anencéfalos, mas que não impedirá debates deste tipo na comissão:

- Ao longo deste ano de trabalho na comissão todos poderão constatar que não sou nada disto (racista ou homofóbico). Se eu tivesse algum comportamento racista, a primeira pessoa a quem eu deveria pedir desculpas é para minha mãe, que não tem pele negra, mas tem o cabelo negro, os lábios negros e o coração negro, como eu.

Perguntado como o movimento LGBT será tratado na comissão, respondeu:

- Com toda deferência, com todo respeito. Viram no discurso, convidei o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) para estar conosco aqui, quero criar uma mesa de debates para que os assuntos sejam colocados em pauta. Não há ditadura aqui, sou um homem muito sereno.

A respeito de "casamento gay", afirmou que a comissão não deve tratar do tema, já tratado pelo STF, que reconheceu a união homoafetiva:

- Isso já está definido pelo STF, minha posição é a de sempre: casamento é entre homem e mulher. Todavia, não estamos optando aqui por posições religiosas, mas por posições da Constituição Federal, artigo 226, parágrafo 13, onde ainda consta como casamento a união de um homem e de uma mulher. Para que isso seja mudado é preciso ser apresentada e aprovada uma proposta de emenda constitucional.

Questionado sobre a adoção de crianças por casais homossexuais, foi taxativo:

- Eu sou contra isso. Todavia, isso é feito numa discussão muito democrática dentro do Parlamento. É assunto que precisa ser pautado, e se alguém apresentar projeto para discussão...

Quanto à possibilidade de aborto de bebê anencéfalos, também expressou sua posição.

- Sou contra qualquer tipo de aborto, porque sou sobrevivente de um aborto. Quem dá a vida é Deus e quem tira a vida é Deus, esse é meu princípio - disse Feliciano.