Título: Pastor foi eleito com ajuda de vários partidos
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 08/03/2013, País, p. 4
O deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) foi eleito novo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara para o biênio 2013/2014 com a ajuda dos principais partidos da Casa, além do empenho os deputados da bancada evangélica. Entre os 34 integrantes da comissão já indicados - falta indicar um titular e um suplente -, pelo menos 19 são ligados a igrejas evangélicas, sendo dez titulares. O PT e outros partidos de esquerda, que desde a criação da comissão em 1995 se revezam no comando do colegiado, optaram por outras comissões este ano.
O PSC, que por ter apenas 15 deputados não teria vaga na comissão, conquistou cinco vagas de titular e três de suplentes com a ajuda dos partidos. O PMDB cedeu as duas vagas de titular e as duas suplentes. O PSDB também cedeu ao partido de Feliciano outras duas vagas de titular, além de uma ao PSB. A quinta vaga de titular conquistada pelo PSC foi cedida pelo PP. E o PTB cedeu uma de suplente.
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), também evangélico, não apenas cedeu suas vagas ao PSC, como também abriu mão das duas que havia trocado com o PSDB.
- É normal, a gente troca as vagas dependendo do interesse dos nossos deputados. Eu não diria que tem interesse (dos evangélicos) na Comissão de Direitos Humanos. O interesse maior sempre foi a Comissão de Seguridade - disse Cunha. - Mas pode ser que acabe se interessando, se a polêmica render. Em política não tem espaço vazio.
O líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), explica por que abriu mão das vagas na Comissão:
- As trocas foram focadas 100% no interesse dos deputados, que não estavam interessados na comissão este ano. Troquei com o PMDB e ele faz o que quiser das vagas. O domínio de um partido ou bancada em uma comissão não é bom. Todas as vezes que a gente tira a pluralidade de uma comissão, fica ruim.
Mesmo argumento do líder do PT, José Guimarães (CE):
- A bancada deu prioridade este ano à escolha de outras comissões, como Relações Exteriores e Seguridade Social.
O PCdoB, que já presidiu a comissão, optou pela Comissão de Cultura. E o PSB indicou como titular o Pastor Eurico (PE), deixando Luiza Erundina (SP) na suplência. Também ficou como suplente outro polêmico deputado, Jair Bolsonaro (PP-RJ).
Feliciano refutou a ideia de que a comissão será dominada pela bancada evangélica:
- Vamos trabalhar em função dos projetos de direitos humanos com esses deputados. E não são só deputados de religião evangélica, temos católicos.
Como protesto à eleição de Feliciano, o PSOL decidiu coletar assinaturas para criar a Frente Parlamentar em defesa da dignidade Humana e Contra a Violação de Direitos. São necessárias pelo menos 157 assinaturas de deputados, mas ao contrário da comissão, a frente não tem poder sobre os projetos.