Título: Dilma ataca homem que bate em mulher
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 09/03/2013, País, p. 6

A presidente Dilma Rousseff encerrou ontem o pronunciamento em homenagem ao Dia Internacional da Mulher em tom duro, falando diretamente para os homens que agridem as mulheres. Dilma disse que, se esses homens agem dessa forma por falta de respeito ou medo, devem saber que o Brasil é governado por uma mulher que não tem medo de enfrentar a injustiça nem os injustos.

- Faço um especial apelo e um alerta àqueles homens que, a despeito de tudo, ainda insistem em agredir suas mulheres. Se é por falta de amor e compaixão que vocês agem assim, peço que pensem no amor, no sacrifício e na dedicação que receberam de suas queridas mães. Mas, se vocês agem assim por falta de respeito ou por falta de temor, não esqueçam jamais que a maior autoridade deste país é uma mulher, uma mulher que não tem medo de enfrentar os injustos, nem a injustiça, estejam onde estiverem - afirmou.

registros de agressões crescem

Dilma disse ainda que o governo vai instalar nos estados centros de atendimento integral à mulher, que terão serviços especializados, com um setor de prevenção à violência doméstica e outro de apoio à empreendedora. A presidente afirmou também que a Lei Maria da Penha é uma das melhores do mundo, mas que ainda é preciso combater "crimes monstruosos do tráfico sexual e a violência doméstica".

- O Brasil, como único país emergente onde, nos últimos ano, diminuiu a desigualdade social, tem a responsabilidade de diminuir, ainda com mais rapidez, a desigualdade entre homens e mulheres. O Brasil, como um dos poucos países do mundo que, nestes anos de crise, aumentou sem parar o emprego, tem mais que obrigação de garantir melhores oportunidades e salário mais justo para as mulheres.

Ontem, a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) divulgou que, em 2012, os relatos de violência contra as mulheres chegaram a 88.685 registros - dez a cada hora, de acordo com denúncias apresentadas à Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180). Em comparação a 2011, houve crescimento de 18,2% dos casos, que no ano anterior haviam somado 75.019 ocorrências. Frente a 2006, quando foi criado o Ligue 180 e promulgada a Lei Maria da Penha, o registro desses casos cresceu sete vezes ou 633% (foram 12.664 registros de violência em 2006).