Título: PSC admite rever indicação de pastor para Comissão
Autor: Éboli, Evandro; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 12/03/2013, País, p. 5

Bancada se reunirá hoje para avaliar reação contra escolha de Marco Feliciano na presidência de Direitos Humanos

O líder do PSC na Câmara, André Moura (SE), convocou reunião da bancada para hoje, para reabrir a discussão sobre a eleição do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos. Segundo informou sua assessoria ontem à noite, as manifestações de setores da sociedade brasileira insatisfeitos com a escolha de Feliciano (PSC-SP) levaram à convocação de uma reunião da bancada, com o argumento de que as "repercussões negativas em todo o país que não devem ser desconsideradas pelo partido".

André Moura disse, segundo sua assessoria, que a discussão saiu do campo político e se transformou numa batalha de interesses contrariados: "Sinto que é preciso dialogar. Temos plena confiança que o deputado Feliciano desempenhá o cargo com eficiência e respeito a todas as correntes de opinião. Contudo, a Câmara dos Deputados e o PSC precisam estar em sintonia com o sentimento da sociedade brasileira".

A discussão na bancada promete ser polêmica, pois não há disposição por parte do comando do PSC de voltar atrás. O vice-presidente nacional do partido, Everaldo Pereira, por exemplo, garante que este assunto está encerrado e que o partido manterá Feliciano.

Caso seja mantido, a primeira pauta da comissão a ser presidida por ele amanhã já trará temas polêmicos. Feliciano incluiu proposta, da qual é um dos autores, de realização de plebiscito para decidir sobre a união civil entre homossexuais. As bancadas consideradas conservadoras, que agora têm maioria na Comissão, defendem a aprovação da proposta.

Outro projeto de interesses desse grupo que está na pauta penaliza a discriminação contra os "heterossexuais", de autoria do também evangélico Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líder do PMDB. Cunha apresentou essa proposta numa resposta irônica aos movimentos LGBT, que, no seu entendimento, se sentem mais discriminados que os outros.

A deputada Érika Kokay (PT-DF) afirmou que os projetos incluídos na pauta da reunião de amanhã já estavam na ordem do dia das sessões realizadas no ano passado, mas que nunca eram apreciados porque deputados contrários a eles pediam vista ou verificação de quórum, evitando a votação. Esses deputados poderão continuar evitando a votação, mas agora serão minoria.

Feliciano reagiu ontem, durante culto em sua igreja, o Tempo do Avivamento, em Ribeirão Preto, aos protestos contra ele.

- Pela primeira vez na história do Brasil um pastor sofre tanta perseguição como estou sofrendo - disse o Feliciano - Querem perseguir um homem por expressar sua fé. - prosseguiu.