Título: Cesta: Mantega pede rapidez no repasse do corte
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 12/03/2013, Economia, p. 24

Supermercados se comprometem a reduzir preços ao consumidor, mas estimam queda menor, entre 3% e 6%

Preocupado em garantir que a desoneração da cesta básica chegue logo ao bolso dos brasileiros e reduza a inflação, o governo pediu ontem a representantes dos setores de alimentos e supermercados que repassem a queda dos tributos aos preços dos produtos. Durante encontro com os empresários, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, argumentou que a medida é parte do esforço para estimular o crescimento da economia. Em troca, ouviu que o repasse para os preços será feito o mais rapidamente possível.

- O setor se comprometeu a repassar a redução de impostos o mais depressa possível para os produtos. Para nós, é importante que essa medida chegue logo às prateleiras - afirmou o ministro.

O governo zerou o PIS/Cofins e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para todos os artigos da cesta básica na última sexta-feira. A medida representa uma renúncia fiscal de R$ 5,5 bilhões em 2013. Ao anunciar a desoneração, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a redução dos preços dos itens poderia variar de 9,25% a 12,5% com a medida. No entanto, a estimativa dos empresários foi mais conservadora: entre 3% e 6%.

Mercado projeta IPCA maior

Ao ser perguntado sobre essa diferença, Mantega explicou que alguns setores de alimentos possuem créditos acumulados de PIS/Cofins que não têm conseguido aproveitar e, por isso, podem eventualmente fazer reduções de preços menores. Mas adiantou:

- Vamos resolver essa questão (dos créditos) de modo que o efeito da medida seja o mais amplo possível. A maioria dos produtos deve ter uma redução próxima a 9%.

Após o encontro, o ministro recebeu o apoio dos empresários. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Fernando Yamada, a redução dos impostos da cesta básica começará a ser repassada ao consumidor hoje e estará completa em duas semanas. Ele disse que o setor trabalhará de "mãos dadas" com o governo para garantir que a inflação não ultrapasse a meta. O IPCA em 12 meses já soma 6,3% em 2013, sendo que o teto da meta do ano é de 6,5%. Os alimentos representam 23% do IPCA.

Para este ano, as projeções do mercado para o IPCA apuradas pelo boletim Focus, do Banco Central, passaram de 5,70% para 5,82%. O salto só não foi maior por causa da promessa de desoneração da cesta básica. A tendência de alta da inflação também puxou as estimativas para a taxa básica de juros (Selic), de 7,25% para 8% ao ano no fim de 2013.

Mantega afirmou que o governo continuará fazendo desonerações para estimular a economia. Segundo ele, o governo vai abrir mão de, pelo menos, R$ 53 bilhões com incentivos tributários este ano. Entre as medidas que ainda serão anunciadas estão a ampliação do número de setores beneficiados pela desoneração da folha e também novas reduções do PIS/Cofins.

- Existem outras desonerações prontas para serem feitas, mas que aguardam a aprovação do Orçamento. O movimento de redução de tributos vai continuar até que o Brasil tenha uma tributação compatível com a competitividade do país - disse o ministro.