Título: PSC mantém pastor Feliciano na Comissão de Direitos Humanos
Autor: Braga, Isabel; Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 13/03/2013, País, p. 4

Apesar das críticas, a bancada do PSC manteve ontem o deputado Marco Feliciano na presidência da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara. O parlamentar, que chegou e saiu do encontro do partido escoltado por seguranças da Casa, preside hoje sua primeira sessão, que deverá ocorrer sob novos protestos. Para esta reunião, Feliciano recuou e excluiu da pauta projetos polêmicos, que constavam da primeira versão do roteiro de votação, como o plebiscito sobre união civil entre pessoas do mesmo sexo e o que criminaliza a "heterofobia".

Feliciano, que já afirmou desejar aproximação com os movimentos sociais, incluiu na pauta o pedido de audiência pública para discutir as oportunidades para o negro no mercado de trabalho. Essa foi uma sugestão da Educafro, ONG que atua na inclusão da população negra e pobre. O presidente da comissão prometeu um discurso para hoje, no início da sessão. Ele não adiantou o assunto, mas assegurou que não renunciará ao posto.

- Não vou sair, continuarei. Até porque houve um pedido da bancada do meu partido para ficar - disse Feliciano, cuja indicação não foi unanimidade.

Na reunião do PSC, que tem 16 deputados, pelo menos quatro defenderam a revisão de sua indicação.

- Ele quer continuar. Sou ator de teatro, poeta... amigo de muitos homossexuais. É uma situação delicada - disse o deputado Professor Sérgio de Oliveira (PSC-PR).

Feliciano afirmou que alterou os temas de discussão de hoje porque a pauta apresentada anteontem seria de autoria da composição anterior da comissão, que era presidida por Domingos Dutra (PT-MA).

- É uma pauta da gestão antiga, será modificada - justificou Feliciano.

Pauta tem oito assuntos

Na nova pauta constam oito itens, quatro de autoria do presidente da comissão. Ele quer audiência para debater situação de moradores de rua, casos de exploração sexual de crianças e adolescentes, e que seja encaminhada uma solicitação ao Itamaraty para que interceda em defesa dos torcedores corintianos detidos na Bolívia. Além da que vai tratar de acesso de negros ao mercado de trabalho no Brasil.

Antes do encontro do PSC, na primeira reunião de líderes partidários após a eleição de Feliciano para a comissão, a maioria disse que a decisão final, de mantê-lo ou não, seria do PSC. Alguns líderes enfatizaram que a situação fugiu ao controle e está afetando a imagem da Casa, mas a maioria preferiu deixar que o partido encontrasse uma solução.

Ontem, com apitos, cartazes, narizes de palhaços e palavras de ordem, manifestantes ocuparam as escadarias e parte do Salão Branco da Câmara.

- Feliciano, não sou otário, eu pago imposto, mas não pago dízimo - gritavam, entre outras palavras de ordem.

O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) negociou a permanência dos jovens nas dependências da Casa com o presidente Henrique Eduardo Alves. Hoje, também está prevista manifestação a favor de Feliciano.

- Acho bacana. Eles que tragam os fiéis, com dinheiro para os ônibus e lanches. A manifestação do movimento social é espontânea - disse Jean Wyllys.