Título: Rodada da ANP: 36 empresas de 15 países têm interesse em leilão
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 14/03/2013, Economia, p. 20

O diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP) Helder Queiroz afirmou ontem que, até terça-feira, 36 empresas de 15 países manifestaram intenção de participar da 11ª rodada de licitações de blocos petrolíferos, em 14 e 15 de maio. Ele destacou que o interesse é grande não só porque o país ficou quatro anos sem leilões, mas também pela atratividade das áreas, majoritariamente nas regiões Norte e Nordeste.

- A marca mais importante desse leilão é a diversidade das áreas, com grande atratividade. Há áreas em mar, em terra, áreas maduras e de novas fronteiras, o que oferece oportunidades para pequenas, médias e grandes empresas - disse.

Em seminário sobre a 11ª rodada, Queiroz afirmou ontem que espera uma arrecadação entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões em bônus de assinatura - lance dado pelas empresas para arrematar os blocos. Se todos os blocos forem arrematados pelos valores mínimos, o total será de R$ 627 milhões.

- Mas a gente pode ter uma grata surpresa, devido à atratividade das áreas e ao grande número de empresas que estão se manifestando. E (o total de interessados) deverá aumentar até a data limite da manifestação do interesse, que é próximo dia 26 - disse.

Ao todo, serão ofertados 289 blocos, cobrindo 155,8 mil km2, distribuídos em 11 bacias sedimentares. Um total de 166 estão localizados no mar - sendo 81 em águas profundas e 85 em rasas - e 123 em terra.

Shell, BP e Gran Tierra confirmaram que têm interesse na 11ª rodada de licitações.

- Espero que seja uma boa oportunidade para ampliarmos nossa plataforma no Brasil - disse o presidente da britânica BP no Brasil, Guilhermo Quintero.

Leilões mais frequentes

O presidente da anglo-holandesa Shell Brasil, André Araujo, deixou claro que a companhia tem interesse em participar não apenas da 11ª rodada, mas também do leilão de áreas em terra para exploração de gás, que a ANP deve realizar no fim de outubro, e do leilão do pré-sal, em novembro. Ele destacou, contudo, que é preciso haver continuidade.

- O importante é a retomada. Um leilão só não é suficiente. A indústria precisa de leilões regulares e constantes. Um ponto positivo que sentimos do sinal do governo é que não são só leilões em 2013, mas sim uma retomada de leilões, e isso dá uma perspectiva de sustentabilidade - disse Araujo.

O presidente da canadense Gran Tierra Energy no Brasil, Julio Moreira, disse, por sua vez, que a empresa pretende avaliar as oportunidades exploratórias que serão oferecidas nos próximos leilões da ANP.

Segundo o diretor da ANP, as atuais discussões no Congresso sobre a distribuição dos royalties não estão afetando o interesse pela 11ª rodada.

- Nos últimos dias, a temperatura começou a baixar (em referência a um possível entendimento entre os estados em relação à divisão dos royalties). Faz parte do debate político. Além do que, as empresas têm a necessidade de ter áreas novas para exploração. Além de termos um potencial exploratório excelente, com regras transparentes - afirmou Queiroz.

Os dirigentes das petrolíferas demostraram também estar satisfeitos e otimistas quanto à possibilidade de a questão da divisão dos royalties chegar a uma negociação, sem a necessidade de o assunto ir ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Já o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), João Carlos França de Luca, admitiu que a discussão sobre os royalties afeta a indústria petrolífera, apesar de ela não ter de se envolver nessa discussão.

- Qualquer proposição de novas taxações cria uma insegurança jurídica, cria preocupação sim. Mas acho que existe agora um clima de responsabilidade e consenso para buscar uma solução negociada e evitar uma judicialização do processo. Vemos com muita simpatia que isso esteja ocorrendo, porque afetar a credibilidade do marco regulatório brasileiro prejudica todo mundo - afirmou.