Título: América latina em festa com escolha
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Fonte: O Globo, 14/03/2013, Especial, p. 5

A surpresa com o anúncio de Jorge Mario Bergoglio como novo Papa se misturou, na América Latina, à satisfação pela eleição do primeiro Pontífice nascido no continente. A origem de Bergoglio ganhou destaque da imprensa latino-americana e elogios de fiéis e religiosos que celebram a escolha de um Papa que conhece de perto os problemas sociais da região. Embora o rumo do pontificado ainda seja uma incógnita, e seus desafios, diversos - como os conflitos da Igreja com governos latino-americanos e o crescimento das igrejas evangélicas -, o novo Papa já tem o voto de confiança de um continente.

No Equador, os sinos das principais igrejas de Quito soaram com o anúncio. Os fiéis que andavam pelo centro histórico correram às lojas próximas em busca de informações sobre o novo Papa. Pelo Twitter, o presidente Rafael Correa comemorou a escolha inédita: "Temos Papa latino-americano! Vivemos momentos históricos sem precedentes!" O presidente da Conferência Episcopal Equatoriana, Antonio Arregui, disse ao canal de TV Ecuavisa que a eleição de Bergoglio é uma "notícia extraordinária" para a América Latina e os fiéis da região.

A escolha também foi comemorada no México, segundo país com mais católicos no mundo - quase 85 milhões -, depois do Brasil. Em um comunicado, os bispos mexicanos afirmaram que a eleição de Bergoglio traz "grande alegria para as igrejas peregrinas". O presidente Enrique Peña Nieto afirmou que viajará a Roma para a primeira missa celebrada pelo novo Papa.

- A América Latina já sofreu muito, mas os fiéis nunca deixaram de confiar em Deus. É maravilhoso ter nossa região representada - afirmou à CNN uma jovem mexicana de Ciudad Juárez.

No Chile, onde Bergoglio morou entre 1958 e 1964, a notícia foi recebida com alegria. O padre provincial dos jesuítas no país, Eugenio Valenzuela, disse ao portal 24Horas.cl que Bergoglio levará ao Vaticano a "sensibilidade" e "o ar fresco de um latino".

Os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e de Cuba, Raúl Castro, também felicitaram Bergoglio. Da Venezuela veio a reação mais inusitada: numa nova referência a Hugo Chávez, o presidente em exercício, Nicolás Maduro, insinuou que seu falecido mentor influenciou na escolha do novo Papa. Maduro afirmou que, "do céu", a mão de Chávez se moveu para que o Papa fosse latino-americano.