Título: Suspeito de corrupção, Lupi reaparece no Planalto para prestigiar novo ministro do Trabalho, seu aliado
Autor: Gois, Chico de; Weber, Demétrio; Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 17/03/2013, País, p. 10

O grupo de Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, foi prestigiar a posse de Manoel Dias no Ministério do Trabalho e Emprego. Lupi circulou sorridente, cumprimentou os ministros que encontrava pela frente, distribuiu tapas nas costas e se sentou ao lado de caciques do PMDB, na primeira fila dos assentos destinados aos parlamentares convidados para a cerimônia no Palácio do Planalto.

Demitido do cargo há pouco mais de um ano por uma infinidade de suspeitas de corrupção, o ex-ministro marcou território ontem. A retomada do ministério, com um aliado de primeira ordem no posto de ministro, contrastava com o abatimento do correligionário Brizola Neto, substituído por Manoel Dias. Brizola precisou se esforçar para sorrir à presidente, nos momentos em que Dilma Rousseff se referia a ele. Entrou mudo e saiu calado, sem falar com a imprensa.

Lupi também tentou ser discreto, aos moldes do ex-ministro. Ele assistiu à posse e cumprimentou os empossados, mas evitou ser fotografado ao lado de Manoel Dias e da presidente. Ao fim do evento, deixou rapidamente o segundo andar do Palácio do Planalto.

O braço-direito de Lupi na época em que era ministro, Paulo Roberto dos Santos Pinto, também compareceu à posse de Manoel Dias. Paulo Roberto foi secretário-executivo da pasta e, com a demissão do chefe, em dezembro de 2011, ocupou interinamente o cargo de ministro, por quatro meses e meio. Na prática, foi como se o presidente nacional do PDT continuasse ministro. A chegada de Brizola Neto ao ministério, em maio de 2012, fez Paulo Roberto voltar ao Banco do Brasil, onde é assessor da Diretoria de Governo.

- Lupi vai auxiliar o governo na relação com a bancada. Manoel Dias terá total autonomia no ministério - diz o ex-ministro interino, que compareceu à posse para "prestigiar" o novo titular da pasta.

Para Paulo Roberto, o Ministério do Trabalho não pode se resumir aos convênios para qualificação profissional. As fraudes nos repasses a ONGs, boa parte delas dirigidas por filiados ao PDT, levaram à demissão de Lupi há um ano.

- O orçamento do ministério é de R$ 42 bilhões. Os convênios não passavam de R$ 500 milhões - afirma Paulo Roberto, repetindo um discurso comum de Lupi na época da crise na pasta.