Título: Perda na distribuição de água custa R$ 12,5 bilhões ao Brasil
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 20/03/2013, País, p. 10
Vazamentos, "gatos" e falta de controle no abastecimento de água custam ao Brasil cerca de R$ 12,5 bilhões por ano, revela um estudo divulgado ontem pelo Instituto Trata Brasil, entidade especializada em saneamento básico. Com base em dados do governo federal, a pesquisa mostra que o país perde 37,5% do faturamento de toda a água produzida pelas empresas de abastecimento.
- O sistema opera com apenas 62% de eficiência, arrecadando R$ 20,8 bilhões ao ano e deixando de arrecadar R$ 12,5 bilhões, um valor muito superior ao máximo que o país já investiu em água e esgoto em um ano, que foi R$ 9 bilhões em 2010 - afirmou o presidente do Trata Brasil, Édison Carlos.
Segundo o levantamento realizado pelo instituto, se o país conseguisse reduzir essa perda de 37,5% para 20%, haveria um acréscimo de R$ 10,3 bilhões no faturamento das empresas de abastecimento. De acordo com o Trata Brasil, os países mais desenvolvidos registram perdas de no máximo 10%.
- O nível de perdas brasileiro é muito alto. Mais de um terço de toda a água produzida é desperdiçada- contou o coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Economia de Baixo Carbono da USP, Rudinei Toneto Júnior, que conduziu o estudo.
As regiões que mais registram perdas são o Norte e o Nordeste, exatamente as mais críticas no acesso a redes de água e esgoto do país. Elas apresentam perdas de 51,5% e 44,9% no faturamento anual, respectivamente. No ranking dos estados, o Amapá tem a maior perda, 74,6%, seguido por Alagoas (65,8%), Roraima (64,2%), Maranhão (63,9%) e Acre (62,7%). No Rio, a perda de água fica acima da média nacional, chegando a 46,9% do faturamento. Em São Paulo, o índice é de 32,5%. O estado que desperdiça menos é o Mato Grosso do Sul, com uma perda de 19,5%.
Apesar de precisar de investimentos para ampliação da rede, Macapá (AP) aponta a maior perda no faturamento, 73%, entre as cem maiores cidades do país. O Rio, que também carece de ampliação na distribuição de água, tem uma perda de 50,9%. São Paulo tem uma perda menor, de 30%, mas está na lista das cidades que requerem novos mananciais para abastecimento. O Instituto Trata Brasil relacionou esse índice de perdas à necessidade de investimentos e ao desempenho financeiro nos estados e nos cem maiores municípios do país.
O Instituto Trata Brasil informou que não há dados precisos sobre essa perda em volume de água.
- Quando começamos a pesquisa, há um ano, a ideia era saber quanto o país perdia em água, quantos rios, mas só existem dados confiáveis relativos ao faturamento. De todo modo, a maior parte da perda é física, em vazamentos - disse Carlos.