Título: Moody's rebaixa nota de crédito de BNDES e Caixa
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Fonte: O Globo, 21/03/2013, Economia, p. 25
Usados pelo governo na crise para turbinar crédito, bancos têm capacidade limitada de "absorver perdas", diz agência
A Moody"s rebaixou ontem as notas do BNDES, de seu braço de investimento em participações, BNDESPar, e da Caixa Econômica Federal, citando como motivo o envolvimento das instituições nas "políticas anticíclicas" do governo brasileiro. A agência de classificação de risco diminuiu o rating de longo prazo do BNDES, do BNDESPar e da Caixa de A3 para Baa2, ambos com perspectiva estável. O rebaixamento representa uma queda de dois níveis no sistema de classificação da agência.
A Moody"s lembra que o BNDES e a Caixa são controladas pelo governo e seu engajamento nas medidas para minimizar os efeitos da crise internacional tem resultado num "significativo aumento" nos empréstimos e nos ativos das instituições, mas também em "índices de capital mais magros".
"Ao mesmo tempo, o governo tem exigido que BNDES e Caixa contribuam com um crescente montante de dividendos, enquanto repõe o capital do banco com injeções de capital não líquido. Esta prática tem resultado em níveis de capital relativamente baixos, que limitam a capacidade dos bancos de absorver perdas em situações de estresse, enfraquecendo sua posição de crédito".
A estratégia de alto crescimento também introduz uma maior oscilação para os balanços do BNDES e da Caixa, bem como de seus resultados, afirmou a Moody"s.
expansão acima da média
A agência destaca ainda que o risco de crédito fundamental aumentou, como demonstra o aumento dos empréstimos do BNDES para seus dez maiores tomadores em montante equivalente a quatro vezes seu capital no ano passado. Em 2010, esta proporção era equivalente a 3,4 vezes.
Da mesma forma, a Caixa também registrou aumento de seu nível de exposição. Em 2010, os empréstimos eram equivalentes a 1,1 vez o capital. No ano pasado, o patamar foi de 1,5 vez. Além disso, o portfolio de empréstimos da Caixa se expandiu cerca de 40% em cada um dos últimos três anos, "desempenho que está bem acima da taxa de crescimento do sistema, e que expõe a qualidade de seus ativos à potencial deterioração, à medida que o banco mira novos tomadores de empréstimos e segmentos de mercado", diz o comunicado da agência.