Título: Chipre prorroga feriado bancário após acordo fechado com UE e FMI
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Fonte: O Globo, 26/03/2013, Economia, p. 36

O Banco Central (BC) de Chipre determinou a prorrogação do feriado bancário do país até depois de amanhã, para garantir o "suave funcionamento de todo o sistema bancário". Fechados desde o último dia 16, os bancos iriam reabrir hoje, à exceção das duas maiores instituições financeiras do país, respectivamente o Banco de Chipre e o Laiki. Para evitar uma corrida aos bancos, o BC cipriota manteve limites diários de saque a ¬ 100 nos dois bancos. Ontem, o presidente Nicos Anastasiades comemorou o acordo com a troika - União Europeia (UE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) -, que garantirá um pacote de resgate de ¬ 10 bilhões, além de tentar afastar os riscos de uma saída do país da zona do euro.

Fechado após uma longa e tensa reunião em Bruxelas, na qual Anastasiades ameaçou renunciar, o acerto entre Chipre e a troika prevê a liquidação do Laiki com o congelamento de depósitos acima de ¬ 100 mil no banco. As contas abaixo desse teto serão transferidas para o Banco de Chipre, que será reestruturado, o que pode representar um confisco de cerca de 30% para os correntistas com depósitos acima de ¬ 100 mil.

Os mercados europeus, depois de abrirem em alta com o anúncio do acordo, inverteram a tendência devido às declarações do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que sugeriu que a saída encontrada para o país será o modelo de resgates futuros. Mais tarde, Dijsselbloem se viu obrigado a desmentir a informação.

- O que fizemos ontem à noite (domingo) é o que eu chamo de devolver os riscos. Se há um risco relacionado a um banco, nossa primeira pergunta deveria ser: "Está bem, o que você, banco, vai fazer sobre isso? O que você pode fazer para recapitalizar a si mesmo?". Se o banco não puder fazer nada, falaremos com os credores e acionistas, pediremos a eles que contribuam com a recapitalização do banco, e, se necessário, (falaremos com) os correntistas com depósitos sem garantia - disse Dijsselbloem.

empresários preveem selic maior

As palavras do presidente do Eurogrupo afetaram os papéis de grupos financeiros, puxando para baixo as Bolsas europeias. Londres recuou 0,22%; Frankfurt, 0,51%; Paris, 1,12%; Milão, 2,5%; Madri, 2,27%; e Lisboa, 1,69%. Em Wall Street, o Dow Jones caiu 0,44%; o S&P 500, 0,98%; e o Nasdaq, 0,3%. No Brasil, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), acompanhou esse movimento de aversão ao risco e fechou em queda de 0,67%, aos 54.873 pontos e volume negociado de R$ 6 bilhões. Foi a quinta sessão seguida de baixa e o menor patamar desde 2 de julho de 2012, quando o índice fechou aos 54.692 pontos. O dólar fechou em leve alta frente ao real, sendo negociado a R$ 2,010 na compra e a R$ 2,012 na venda, variação de 0,04%.

Os analistas do mercado financeiro ouvidos na pesquisa Focus, do Banco Central, aumentaram a previsão para a taxa básica de juros (Selic) no fim deste ano, de 8,25% ao ano para 8,5% ao ano. Foi a terceira alta seguida. Na pesquisa, os analistas preveem que a elevação dos juros começará na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de maio. A primeira revisão já seria de 0,5 ponto percentual. Em julho, a taxa subiria no mesmo ritmo. Os analistas apontam ainda duas outras altas de 0,25 ponto percentual nas duas reuniões seguintes. Hoje, a Selic está em 7,25% ao ano.