Título: Com 16 deputados federais, partido já disputa cargos de 2º escalão
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 27/03/2013, País, p. 3

Legenda que tem como símbolo o peixe - elemento cristão -, o PSC obteve o registro no TSE em 1990. Nos últimos dez anos, a sigla se firmou como um partido satélite para o Planalto e governos estaduais. Nos últimos anos, o partido cresceu e passou a influenciar alianças regionais e conseguiu negociar a ocupação de cargos em governos estaduais. Mesmo intitulando-se independente, o PSC mantém apoio fiel ao governo federal. Em meio à barganha de apoio, a sigla ganhou espaço no segundo escalão do governo Dilma.

O PSC tem como líder máximo o pastor da Assembleia de Deus Everaldo Dias Pereira. Apesar de ocupar a vice-presidência nacional da legenda, é ele quem define os rumos políticos da sigla, negocia alianças nos estados e nas capitais. Pastor Everaldo chegou ao controle do PSC por meio do ex-governador do Rio e deputado federal Anthony Garotinho (PR). Durante a gestão de Garotinho, o partido - presidido por Vítor Nósseis - foi sua principal sigla aliada. A confiança do ex-governador em Everaldo levou o pastor a coordenar um dos programas mais importantes da gestão, o Cheque Cidadão.

Ao deixar o PDT, Garotinho usou o PSC para abrigar aliados. À época, o partido chegou a ser a segunda maior bancada na Assembleia Legislativa (Alerj). Ao migrar para o PR, após passagem pelo PMDB e já distanciado de Everaldo, o ex-governador chegou a cogitar sua ida para o PSC, mas desistiu por porque, no PR, teria o controle total do partido. No PSC dos pastores Feliciano e Everaldo, o ex-governador ainda teria que dividir o poder.

aliança com o pmdb no rio

O grupo de Everaldo é formado, na maior parte, por evangélicos. Eles travam uma batalha interna com um grupo minoritário não evangélico, que o acusa Everaldo de fisiologismo. Nessa disputa, os minoritários, contrários a Feliciano, perderam suas funções partidárias dentro da Comissão de Direitos Humanos.

No Rio, o PSC é aliado do PMDB e controla a Secretaria estadual de Prevenção à Dependência Química, negociada por Everaldo com o governador Sérgio Cabral. Desde fevereiro, a pasta está nas mãos de Filipe Pereira (PSC), deputado federal e filho de Everaldo. O orçamento da pasta, previsto pelo governo em 2013, alcança R$ 32 milhões, que serão diluídos em programas e parcerias com ONGs e igrejas evangélicos.

A legenda tem bancada de 16 deputados federais - outros quatro não estão no exercício do mandato porque pediram licença. É a 12ª força na Câmara, com 13 deputados e em posição favorável a negociações. Na prestação de contas do partido, em 2011, o PSC declarou que não recebeu doação de empresas. Apenas filiados doaram, mas pouca coisa. Na divisão do Fundo Partidário, a sigla obteve R$ 8,8 milhões no ano passado (3,08%); o PT, o maior partido em número de parlamentares, recebeu 15,09% do total do Fundo. A maior parte da bancada é do Paraná - seis, no total, contando com dois deputados que estão afastados.