Título: Época: Lindbergh é acusado de propina
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Fonte: O Globo, 24/03/2013, País, p. 15

Justiça autorizou quebra de sigilo após depoimento de ex-chefe de gabinete de Nova Iguaçu

Defesa. Senador nega as acusações

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi acusado de ter montado um esquema de recebimento de propina de empresas contratadas quando ele foi prefeito de Nova Iguaçu, entre 2005 e 2010. Reportagem publicada ontem pela revista "Época" fez um levantamento a partir de documentos obtidos com o PMDB que fazem parte de um inquérito a que o senador responde no Supremo Tribunal Federal (STF).

O PMDB é contrário à pré-candidatura do senador ao governo do Rio em 2014 e defende o nome do vice-governador Luiz Fernando Pezão. As trocas de farpas entre as duas pré-campanhas ficaram mais intensas nos últimos meses, e, a partir de agora, incluem a divulgação de dossiês. Segundo a "Época", o inquérito a que Lindbergh responde no STF contém acusações de corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, todas relativas ao período em que o petista foi prefeito de Nova Iguaçu.

A investigação é baseada em dois depoimentos prestados em 2007 ao Ministério Público estadual por Elza Elena Barbosa Araújo, ex-chefe de gabinete da Secretaria de Finanças de Nova Iguaçu, que, até então, estava sob sigilo. Segundo ela, logo no início do mandato, em 2005, Lindbergh montou um esquema de captação de propina entre empresas contratadas pela prefeitura.

O suposto esquema de propina chegaria a R$ 500 mil por contrato. Os recursos eram usados, segundo a acusação, para quitar despesas pessoais do então prefeito, inclusive prestações de um apartamento da mãe dele, Ana Maria, em Brasília. Outra acusação da ex-funcionária da prefeitura atinge Carlos Frederico Farias, irmão de Lindbergh. A empresa Bougainville Urbanismo, de sua propriedade, teria recebido R$ 250 mil do esquema.

O Tribunal de Justiça do Rio autorizou a quebra de sigilos do senador, inclusive de cartão de crédito e aplicações financeiras.

A revista informa que obteve cópias de duas decisões que determinaram quebra de sigilo. Segundo a "Época", o desembargador Alexandre Varella considerou que os extratos sustentam as acusações de Elza.

Varella teria dito ainda que o pedido do MP também foi baseado em depoimentos de outras testemunhas que teriam confirmado detalhes do esquema. A reportagem ainda cita denúncias contra empresas contratadas por Nova Iguaçu, como a 7R Comércio de Materiais de Escritório, que receberia pagamentos sem, no entanto, entregar as mercadorias.