Título: Juros futuros têm forte queda, após fala de Dilma
Autor: Farah, Tatiana; Haidar, Daniel; D'Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 28/03/2013, Economia, p. 19

Mercado reduziu as apostas de uma elevação da Selic em maio

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, até tentou ontem amenizar o impacto no mercado das declarações sobre inflação da presidente Dilma Rousseff. Mas os juros futuros fecharam em forte queda. Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) passaram a refletir "baixíssima" chance de elevação da taxa básica de juros Selic em abril e uma chance menor, embora ainda alta, de aumento dos juros em maio, segundo Rogério Braga, da gestora Quantitas.

- Em diversas situações, as declarações da Dilma ou do Ministério da Fazenda acabaram por se concretizar em atuação do Banco Central. Mesmo declarações informais têm bastante peso. Ainda tem chance razoável de aumento da Selic em maio e chance baixíssima em abril. Mas o mercado pôs na conta um aumento de 1,25 a 1,50 ponto percentual até janeiro de 2014, com a Selic chegando a 8,5% ou 8,75% - disse Braga.

Esse recuo nas apostas foi reflexo de uma interpretação do mercado de que o governo quer atrasar ou evitar ao máximo uma elevação da Selic. Pela manhã, Dilma disse ser contra a tese de que é preciso sacrificar o crescimento para segurar a inflação, o que levou o contrato DI com vencimento em janeiro de 2014, o mais negociado no mercado, ao menor nível do dia, por uma taxa de 7,72% ao ano. Tombini tentou esclarecer a situação perto de 15h ao dizer que utilizaria "o instrumento de política monetária", uma referência à alta da Selic, se preciso, para combater a inflação.

BC atua para segurar o dólar

Pouco após as declarações de Tombini, os juros passaram a cair menos - o DI de janeiro de 2014 foi para 7,76% ao ano. Mas, no fim do dia, esses contratos fecharam em 7,74% ao ano, contra 7,79% na véspera.

No mercado cambial, o dia também foi de oscilações. O Banco Central voltou a agir para conter a valorização da moeda americana e vendeu cerca de US$ 1 bilhão no mercado futuro, em leilão de swap cambial tradicional, o que fez o dólar comercial terminar a sessão em queda de 0,34%, a R$ 2,010 para venda, menor nível desde quarta-feira passada, depois de avançar 0,55%, a R$ 2,028 na máxima do dia.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, fechou em alta de 0,65%, aos 56.034 pontos.