Título: Desmatamento: alertas sobem 27%
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 29/03/2013, País, p. 5

Percentual é de agosto de 2012 a fevereiro deste ano na Amazônia

Os alertas de desmatamento na Amazônia aumentaram 27% entre agosto do ano passado e fevereiro deste ano, uma área de 356,43 km² maior do que a registrada no período anterior. Nesse período, o desmatamento subiu de 1.338,84 km² para 1.695,27 km². Os dados são do levantamento por satélite feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgado ontem pelo Ibama. De novembro passado a fevereiro, o aumento foi de 200%. No entanto, a cobertura de nuvens atrapalhou um monitoramento exato. Enquanto em novembro 34% da área pesquisada estavam encobertas, em fevereiro, 64% estavam cobertas por nuvens.

O Ibama afirma que o aumento na área identificada não significa necessariamente que houve um avanço do desmatamento, isso porque entre as áreas avaliadas, 46% foram devastadas completamente, deixando o solo exposto (corte raso), e em 47% houve degradação florestal, ou seja: apenas algumas árvores foram cortadas isoladamente na floresta.

- Os alertas servem para que a gente possa direcionar as nossas operações, para que a fiscalização possa chegar a tempo no desmatamento, pegar esse desmatamento no início, autuar esse desmatador e tomar todas as medidas para que o desmatamento não avance. Houve um acréscimo de alertas, e a partir deles a fiscalização adotou estratégias inovadoras para conter o crime na Amazônia - explicou o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo.

O presidente do Ibama, Volney Zanardi, disse que do total registrado, metade foi desmatamento. O monitoramento da Amazônia é feito por dois sistemas diferentes, o Deter e o Prodes, ambos com base em imagens de satélite. A diferença entre eles é que o primeiro captura polígonos maiores, acima de 25 hectares (250.000 m²), mas é feito mês a mês, enquanto que o segundo, mais preciso, pega desmatamentos pequenos, acima de 6 hectares (60.000 m²), mas é compilado anualmente. A taxa oficial do desmatamento faz parte do sistema Prodes, que só será conhecido pela área ambiental do governo em julho.

Fogo também é considerado

Em novembro do ano passado, a área desmatada subiu 54% em relação a novembro de 2011, passando de 133 km² desmatados para 205 km². O Ibama acredita, no entanto, que ao final do período de monitoramento o desmatamento deste ano será igual ou menor do que o do ano passado, quando 4.656 km² de floresta foram destruídos, a menor taxa histórica. O órgão aponta que neste ano tem sido identificado um aumento da degradação da floresta, em detrimento da destruição total da vegetação. Além do corte seletivo das árvores, o fogo também entra no cômputo da degradação.