Título: Procurador diz que não alertou Cunha sobre grampos
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Fonte: O Globo, 30/03/2013, País, p. 7
Deputado afirma que pediu apuração sobre existência de relatório
Atualmente procurador de Justiça, Cláudio Lopes negou ontem ao GLOBO ter alertado qualquer pessoa sobre grampos telefônicos. Lopes classificou as acusações contra ele como "vergonhosas".
- Não tenho nenhuma intimidade com o deputado Eduardo Cunha. Encontrei com ele umas duas ou três vezes. Uma delas para ver se ele conseguia, junto ao Ministério da Educação, credenciar a Fundação Escola do Ministério Público - revelou o procurador.
Lopes afirmou que foi alertado sobre o inquérito aberto pelo Ministério Público pelo procurador David Farias, então coordenador do Grupo de Combate à Sonegação Fiscal do MP. Lopes, porém, disse "não se lembrar" do nome de Eduardo Cunha no caso:
- O David me alertou (sobre o inquérito). Eu disse que havia pessoas com foro privilegiado e, por isso, provas poderiam ser consideradas nulas. Não queria manchar a imagem do MP. Fiquei sabendo um ano depois que o caso foi para o Supremo. Não me lembro se tratava do Eduardo Cunha. Se houve vazamento, 500 pessoas manipularam. Foi a delegacia que investigou.
"NÃO HÁ NADA COM MEU NOME"
Cunha informou que ontem mesmo pediu ao governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e à chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, que investiguem a existência do relatório.
- O assunto foi publicado pelo jornal O GLOBO em 2010 e dizia apenas que se tratava de um deputado (nas escutas telefônicas), sem divulgar o nome. Fui ao plenário e assumi. Não há qualquer relatório que tenha o meu nome - disse o deputado.
Em nota, Cunha escreveu:
"Por si só, esse "relatório" merece uma investigação, e vou requerer para saber da sua legalidade, autoria, responsabilidade e motivações, provavelmente escusas, feitas inclusive por quem não teria competência legal para investigar, nem a mim, nem a um senador da República e nem ao chefe do Ministério Público estadual, detentores de foros especiais, fora, portanto, da competência da Polícia Civil. Se verdadeiro esse relatório, exigirei punição exemplar para os policiais que o montaram".
Cunha também falou sobre a relação com Magro:
"Além de empresário, ele é advogado, foi meu consultor jurídico em ações na Justiça, derivando daí o meu relacionamento. E, além disso, o citado à época em 2010 era referente a dois fatos: um de apresentá-lo à direção de uma empresa privada (Braskem) e o outro de apresentá-lo a um corretor de um imóvel para o qual ele tinha a intenção de montar um restaurante em Brasília. Nada a ver, portanto, com sonegação ou qualquer atividade de natureza pública".