Título: Tombini: é plausível adotar outras ações contra inflação
Autor: Andrade, Eliária
Fonte: O Globo, 23/03/2013, Economia, p. 30

Presidente do BC também afirmou que agirá no câmbio para evitar volatilidade

SÃO PAULO E RIO O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou ontem que o foco da política monetária continuará a ser "exclusivamente" a manutenção da estabilidade da inflação. Nesse sentido, voltou a dizer que medidas já foram tomadas para conter a alta dos preços, mas que é "plausível" que outras ações sejam necessárias, referindo-se a um eventual ajuste na taxa de juros. Em discurso a empresários franceses reunidos pela Câmara de Comércio França-Brasil, disse que tem comunicado à sociedade a preocupação com os aumentos de preços e pressões localizadas que mantêm a inflação em patamar maior que o desejado pelo governo.

- O ajuste na mensagem do Banco Central, por si só, já determinou mudança relevante nas condições financeiras de um modo geral. Ações foram tomadas, mas é plausível afirmar que outras poderão ser necessárias. Para decidir sobre isso (novas medidas), o BC irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico - disse Tombini.

As declarações vieram no mesmo dia que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), prévia da inflação oficial, foi divulgado com resultado abaixo das expectativas do mercado. Em março, a taxa ficou em 0,49%, abaixo dos 0,53% das estimativas e dos 0,68% do IPCA-15 de fevereiro. Em 12 meses, o índice está em 6,43%, encostando no teto da meta de 6,5%.

Tombini voltou a citar as medidas que permitiram que o país alcançasse um patamar mais baixo para as taxas de juros, mas reiterou que essa melhora não significa que os "ciclos monetários foram abolidos".

Segundo ele, o país tem apresentado recuperação gradual do ritmo de crescimento e no primeiro trimestre cresce a um ritmo de 4% ao ano. Ele prevê que o país encerrará 2013 com alta do PIB perto de 3%. Ao ser perguntado sobre a política cambial do BC e qual a cotação ideal para a moeda americana, Tombini disse que o câmbio é flexível e que está pronto para intervir sempre que achar necessário, ou se houver distorções:

- O BC tem dito também que está pronto para fazer com que o mercado de câmbio e seus diversos segmentos funcionem de forma normal, adequada.

O dólar comercial chegou a avançar 0,57% ao longo do pregão para R$ 2,020 na máxima do dia, mas o BC não interveio para derrubar a cotação da moeda americana como era esperado pelo mercado. A valorização da divisa frente ao real perdeu força e terminou no mesmo preço do dia anterior, a R$ 2,011.