Título: A terceira revolução das telecomunicações
Autor: Falco, Luiz Eduardo
Fonte: Correio Braziliense, 26/10/2009, Opinião, p. 15

O século 20 e o início deste século são marcados pelo extraordinário desenvolvimento tecnológico. Entre as mudanças mais significativas, ganham destaque os avanços na área das comunicações, que culminaram na globalização social, econômica e cultural, hoje avançada em grande parte do planeta.

Dentro desse cenário, o setor de telecomunicações no Brasil passou por significativa transformação a partir de 1997, com a aprovação da Lei Geral, a abertura do mercado e privatização do sistema Telebrás em 1998. A partir daí, o número de linhas fixas instaladas no país cresceu de 20 milhões para o patamar de 40 milhões em apenas seis anos, chegando a 55% das residências. Nesse período, iniciou-se, como uma segunda onda, o desenvolvimento da telefonia móvel, que alterou a dinâmica e os fundamentos do setor. De 1998 a 2008, o número de linhas de telefonia móvel saiu de 7 milhões para 151 milhões, o que significa 81% de penetração, considerados os habitantes do Brasil.

Agora está em curso no Brasil uma nova e silenciosa revolução, com a banda larga, numa terceira onda. Desde o ano passado, a infraestrutura para conexão digital à internet (backhaul) passou a ser uma das metas de universalização dos serviços de telefonia fixa em substituição à exigência de que as concessionárias instalassem postos de serviços de telecomunicação (PST), previstos originalmente por linha discada. Até o final de 2010, a meta é levar, simultaneamente a essa infraestrutura, banda larga de 1 Mbps para todas as escolas públicas urbanas de ensino fundamental e médio do país ¿ universo de 57 mil escolas e 37 milhões de estudantes. E, em seguida, duplicar as conexões para 2 Mbps. Para se ter uma ideia do que isso significa, em 2003 apenas 10% das escolas públicas de todo Brasil tinham acesso à internet. Em meados de 2009, o Brasil já contabiliza 50% das escolas com banda larga e 24 milhões de alunos de escolas públicas incluídos no mundo digital da internet.

Nesse contexto, é importante não perder de vista o aspecto fundamental ¿ e talvez mais desafiador do que própria implantação da tecnologia ¿ que é a inclusão social. Ela só é possível com a combinação da disponibilidade da infraestrutura com o desenvolvimento e aplicação de metodologias de ensino capazes de trazer para o universo digital uma população anteriormente alijada desse sistema.

A capacitação de professores, a formação de multiplicadores e a qualificação profissional são indispensáveis para que as escolas e seus alunos possam usufruir as novas possibilidades que a expansão da rede de banda larga apresenta. Bases de dados, acervos de bibliotecas, notícias e instituições de pesquisa estão cada vez mais disponíveis na rede, em um ambiente virtual de informação e conhecimento que vai se expandir fortemente à medida que avance a convergência digital. Formar profissionais capazes de atuar nesse ambiente é indispensável para a efetiva transformação de informação em desenvolvimento. Para isso, o único caminho é a educação.

A iniciativa privada pode ser um aliado de peso. Dois exemplos da Oi mostram o potencial dessa área. No projeto Tonomundo, escolas afiliadas no Brasil e em Moçambique criam projetos comunitários com uso de ferramentas virtuais, beneficiando mais de 650 mil alunos e 7 mil professores. O programa Nave, uma parceria do Oi Futuro com o poder público por meio de convênio com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, é voltado para a pesquisa e desenvolvimento de soluções educativas que capacitem os jovens para profissões na área digital.

A inclusão digital é indispensável para que o Brasil seja capaz de explorar todo o potencial do novo panorama econômico mundial. Mais do que expandir o acesso à transmissão de voz, a banda larga representa a modernidade, na medida em que abre para os cidadãos o mundo de internet, isonômico para as pessoas onde quer que elas morem. É um mundo da distribuição do conhecimento, da educação, de novas ferramentas de gestão, que permitirá um grande ganho de produtividade para vários segmentos da sociedade brasileira.