Título: MEC vai propor mudanças nas regras do Pisa
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 06/04/2013, País, p. 3

Ministério critica fato de China ser 1º no exame internacional avaliando só alunos de Xangai

Após contestar o último ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Ministério da Educação vai pedir à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mudanças na divulgação de resultados e na amostra de alunos que participam do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), exame que mede conhecimentos de leitura, Matemática e ciências de jovens de 15 anos, em 65 países e territórios.

O MEC critica o fato de que a China apareça em primeiro lugar no ranking do Pisa de 2009, na medida em que o gigante asiático de 1,3 bilhão de habitantes selecionou para fazer a prova apenas estudantes de Xangai, com população inferior a 30 milhões de pessoas.

- Não queremos mascarar nenhum dado. Mas precisamos discutir o que estamos comparando - resume o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, Luiz Claudio Costa.

Ele apresentará a proposta à equipe técnica do conselho diretivo do Pisa no próximo domingo, em Lisboa. Na segunda-feira, começa a 35ª reunião do conselho.

Costa diz que a amostra chinesa no Pisa de 2009 (última edição com resultados já divulgados) reuniu alunos de só 29 escolas de Xangai, enquanto o Brasil foi representado por jovens de 926 estabelecimentos públicos e privados de municípios e bairros com diferentes perfis socioeconômicos. Na média geral das três áreas avaliadas, o Brasil ficou na 53ª posição, em pior situação do que Chile, Uruguai ou México e à frente de Colômbia, Argentina e Peru.

O MEC quer que a divulgação de resultados leve em conta a representatividade das amostras de cada país. Assim, haveria pelo menos dois rankings: um de nações como o Brasil, onde os avaliados correspondem ao universo geral, e outro com o alunado parcialmente representado.

Costa vai propor ainda novas regras de definição de amostras. Embora o Pisa selecione alunos pela idade, o MEC diz que a data de início do ano letivo pode interferir na série em que os jovens de 15 anos estão matriculados. No Brasil, participam alunos do 1º ano do médio e do 8º e 9º do fundamental. A ideia é fixar percentuais de alunos por série na amostra, evitando que um país seja representado por mais jovens de séries avançadas ou vice-versa.