Título: Relatório aponta 317 prescrições suspeitas em UTI
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Fonte: O Globo, 10/04/2013, País, p. 6

Segundo a polícia, maioria dos pacientes de Virgínia Santos morreu após medicação

São Paulo A Polícia Científica do Paraná entregou ontem ao Ministério Público Estadual relatório preliminar sobre as prescrições de remédios feitas a 346 pacientes pela médica Virgínia de Souza Santos, ex-chefe da UTI do Hospital Evangélico de Curitiba e denunciada à Justiça pelos homicídios de sete internados sob sua responsabilidade. O relatório mostra que 317 dos 346 pacientes morreram no mesmo dia em que receberam medicamentos por ordem de Virgínia.

Os 317 casos suspeitos apontados pela perícia serão investigados pelo Ministério Público, que já apresentou denúncia à Justiça sobre as mortes de sete pacientes provocadas por asfixia causada por medicamentos que param os músculos respiratórios e a redução da respiração por aparelhos. A denúncia, acolhida pela Justiça do Paraná, acusa Virgínia de sete homicídios duplamente qualificados e formação de quadrilha. Outros três médicos e uma enfermeira são acusados de homicídio; um enfermeiro e uma fisioterapeuta, de formação de quadrilha.

Médica responde em liberdade

As prescrições analisadas pela polícia foram feitas entre janeiro de 2006 e fevereiro de 2013, período em que a médica Virgínia chefiou a UTI do Hospital Evangélico, até ser presa e passar um mês na cadeia. Ela responde em liberdade o processo penal, com o compromisso de se apresentar mensalmente ao juiz. O advogado de defesa da médica Virgínia, Elias Mattar Assad, afirma que o relatório da Polícia Científica nada prova contra a cliente dele. Segundo o advogado, não há materialidade de crimes no inquérito policial e as acusações contra a médica são infundadas.

Um dos casos citados na denúncia do MP à Justiça é o da morte de Leônidas Arantes Irala, de 75 anos, ocorrida no dia 28 de janeiro deste ano. "Sob efeito do medicamento pancurônio e dos fármacos sedativos, a vítima estava mais dependente de ventilação mecânica para respirar, oportunidade em que, persistindo no intuito letal, a denunciada Virgínia Helena Soares de Souza, deliberadamente, diminuiu os parâmetros do suporte de ventilação mecânica, provocando asfixia, que foi a causa eficiente da morte da vítima naquele momento", relata o documento.