Título: Crise interna do PMDB ameaça vaga de Quércia
Autor: Campbell, Ullisses
Fonte: Correio Braziliense, 29/10/2009, Política, p. 7

Diretor estadual da legenda caminha para o isolamento por criticar parceria com o PT

Para Francisco Rossi, acordos fechados por Quércia diminuem o PMDB

São Paulo ¿ O abismo criado entre o PMDB nacional e seus representantes paulistas poderá aumentar ainda mais com as eleições para compor o diretório estadual da legenda em São Paulo, marcadas para dezembro. Desde que foi anunciado o pré-acordo entre PT e PMDB para eleger Dilma Rousseff presidente da República em 2010, o PMDB paulista passou a sofrer interferências que poderão culminar com a saída de Orestes Quércia da direção estadual do partido. Ontem, o deputado federal Francisco Rossi (PMDB-SP) disse que, se tiver o apoio do presidente nacional licenciado, Michel Temer, vai concorrer com Quércia para reestruturar o partido.

A situação de Quércia tornou-se delicada depois que ele passou a criticar publicamente o acordo com o PT. ¿Não sou favorável a essa parceria¿, tem dito a pessoas próximas. Em São Paulo, o maior problema é que o PMDB tem compromisso assumido com José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) para as eleições do ano que vem. ¿Esses acordos que o Quércia vem costurando em São Paulo estão encolhendo o PMDB. Essa é a nossa maior divergência¿, critica Francisco Rossi.

O deputado diz que o clima no partido ¿não está agradável¿ e que a legenda tem força e poder para lançar candidatura própria ao governo de São Paulo. ¿Esses acordos não dão em nada. O PMDB apoiou Kassab ano passado e foi um sacrifício conseguir uma secretaria para um membro do nosso partido. A muito custo, conseguimos a Secretaria de Promoção Social¿, reclama Rossi.

O parlamentar diz que já teve várias conversas com Quércia sobre o enfraquecimento do partido em São Paulo. ¿Não sei o que aconteceu com ele. Acho que o Quércia ficou tímido para a política. Ele é o nosso candidato ao Senado no ano que vem, mas não vem demonstrando entusiasmo¿, reclama Rossi.

Nome forte O deputado estadual Jorge Caruso (PMDB-SP) também defende candidatura própria e acredita num acordo de paz. ¿Sempre achei que uma candidatura própria em São Paulo fortalece o partido. Mas o problema é que o PMDB não tem nome forte para apresentar¿. Ele também concorda que o acordo nacional feito entre o PT e o PMDB atrapalha os planos da legenda em São Paulo.

Na última vez que Temer se pronunciou sobre o acordo com o PT, disse que foi a única saída para o partido se manter no governo. ¿Não tem outra solução. Não podemos seguir no governo para depois fazer outra composição. Por isso eu disse: nós temos de ter pré-definições. Esperar a convenção em junho fica aético para o PMDB¿, justificou.