Título: A armada de Dilma
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 06/11/2009, Política, p. 7

PT convoca 1.500 prefeitos e dirigentes regionais para afinar o discurso em torno da candidatura da ministra ao Palácio do Planalto

Dilma foi escalada para ser o centro das atenções amanhã: evento busca soluções para as alianças regionais

O PT mobiliza um exército de quase 1.500 pessoas espalhadas pelo país para trabalhar pela candidatura à Presidência da República da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Esse é o número de prefeitos, vice-prefeitos e lideranças regionais do partido convidados para um evento de dois dias, a partir de hoje, num centro de convenções em Guarulhos (SP). A ¿mãe do PAC¿ será a estrela.

Vendido como o maior encontro político do PT em 2009, o fórum A atual conjuntura política: os avanços do governo Lula e as eleições de 2010 foi pensado para afinar as posições dos participantes. A intenção é que eles concentrem esforços nas negociações sobre a aliança político-partidária em torno da candidata petista. A meta maior é usar o poder de influência dos 560 prefeitos, 423 vices e cerca de 500 dirigentes e lideranças da legenda como cabos eleitorais no ano que vem.

O encontro começa hoje, mas terá como ápice a participação de Dilma, amanhã. Ela foi escalada para discutir ¿tática e estratégia para a vitória da esquerda na eleição presidencial¿. O fórum também é um ensaio para um evento ainda mais ambicioso: reunir em maio ou junho de 2010 entre 3.000 e 3.500 prefeitos e vices dos partidos que fecharem a aliança com a ministra.

¿Esse bom exército de petistas que não vai disputar a eleição do ano que vem foi escalado para começar a pensar 2010¿, disse o secretário nacional de Assuntos Institucionais, Romênio Pereira. ¿Será a maior atividade do PT feita em 2009, trazendo de 1.200 a 1500 lideranças de todo o país¿, emendou o dirigente. Os petistas esperam que a mobilização já comece a ter efeito a partir de segunda-feira.

O partido quer usar esse potencial como multiplicador de votos. E, sobretudo, conscientizar essa armada da importância de não criarem dificuldades(1) desnecessárias para a aliança com PMDB, PP, PDT, PCdoB e PR, legendas com as quais os petistas negociam o apoio. Apesar de integrar a base governista de sustentação do presidente Lula no Congresso, os cinco partidos são adversários regionais.

Ações distintas O PT estabeleceu como objetivo buscar soluções diferenciadas para cada problema. Por isso, o evento fará discussões setorizadas. Prefeitos, vices e deputados debaterão como ultrapassar as barreiras eleitorais no Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. No Sul e Sudeste, o foco é na criação de relações pacíficas com PMDB e PP, além de articular estratégias para aumentar o eleitor potencial do partido. Na última eleição presidencial, Lula foi derrotado pelo candidato tucano Geraldo Alckmin em São Paulo e nos três estados sulistas. Além da dificuldade eleitoral, há uma convivência pouco amistosa entre PT e PMDB no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

1- Arestas mineiras A direção petista estabeleceu como prioridade o trabalho em cima dos 108 prefeitos e 92 vices petistas de cidades mineiras para eles trabalharem de maneira harmoniosa pela aliança com o PMDB. A cúpula do partido quer evitar que as lideranças se neguem a se envolver na campanha estadual caso se defina que o candidato da aliança governista seja o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), e não os petistas Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte, ou Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social.

O número 3.500 Quantidade de prefeitos que o PT pretende reunir num segundo evento, com os partidos aliados, no ano que vem