Título: Pedido de vista adia votação
Autor: D'Elia, Mirella
Fonte: Correio Braziliense, 06/11/2009, Política, p. 7

O Supremo Tribunal Federal (STF) interrompeu ontem análise da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). O Ministério Público acusa o senador de envolvimento com suposto esquema de caixa dois na campanha à reeleição para o governo de Minas Gerais, em 1998. No pleito, Azeredo acabou derrotado por Itamar Franco. O parlamentar nega as acusações.

Azeredo foi denunciado por peculato (uso do cargo público em benefício próprio) e lavagem de dinheiro. Relator do inquérito, Joaquim Barbosa defendeu a abertura de ação penal contra o parlamentar pelos dois crimes. ¿Considero haver indícios suficientes da prática de lavagem de dinheiro¿, disse ele, ao concluir seu voto, na sessão de ontem. Entretanto, a discussão foi interrompida pelo ministro Dias Toffoli. Ele pediu vista do caso. ¿Me sinto na necessidade de aclarar o tema¿, disse.

Além dele, outros nove ministros ainda terão que votar. Se a denúncia for aceita por pelo menos seis deles, a ação penal será aberta e Azeredo passará à condição de réu. Caso contrário, a denúncia será arquivada. O STF vai decidir apenas a situação do senador, que tem foro privilegiado. Os demais denunciados estão sendo julgados pela Justiça Federal de Minas Gerais. O inquérito foi desmembrado em maio.

Documento Ontem, o senador convocou uma entrevista coletiva para se defender das acusações. Disse que é falso um documento mostrado pelo relator durante a leitura do voto. Trata-se de um recibo de R$ 4,5 milhões que, segundo a acusação, comprovaria a ligação de Azeredo com o empresário Marcos Valério. O tucano acusou um lobista de ter forjado o recibo para incriminá-lo. ¿Acho no mínimo estranho que um recibo falso, que nunca assinei, seja trazido como prova material de meu envolvimento. Respeito o ministro Joaquim Barbosa, mas lamento¿, disse.

O documento também foi citado pelo advogado de Azeredo, José Gerardo Grossi, em plenário. O relator rebateu a crítica. ¿Eu não poderia silenciar sobre ele (o documento). O meu dever era relatar os fatos. E o fiz sem emitir juízo de valor¿, declarou Barbosa, acrescentando que, nessa fase, não seria preciso analisar detidamente o teor do recibo.