Título: Ministro tranquilo e boa-praça
Autor: Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 19/11/2009, Política, p. 8

Novo presidente do TSE, Ricardo Lewandowski gosta de conversas informais. Mas essa característica já lhe trouxe muitos problemas

Lewandowski assume o cargo deixado por Joaquim Barbosa

O anúncio de que quem vai comandar a eleição de 2010 à frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é o ministro Ricardo Lewandowski movimentou as conversas de advogados e fez surgir as mais diferentes especulações no Congresso. Parlamentares que respondem a processos eleitorais comemoravam pelos corredores, alegando que o futuro presidente é mais contido e não costuma fazer críticas escancaradas às vantagens que a legislação eleitoral concede aos políticos, como fez muitas vezes Joaquim Barbosa, que seria o ocupante natural do cargo caso não tivesse renunciado.

Lewandowski é considerado pelas diferentes categorias como um ministro liberal e pouco disposto a embates. Também cultiva a simpatia dos advogados que frequentam a Corte, por ser considerado muito acessível e de fácil convivência. Nas conversas com as partes e seus representantes nos processos, constantemente costuma explicar as dificuldades do caso e até especula informalmente sobre tendências nos julgamentos. Condutas que fizeram com que assíduos frequentadores do TSE comemorassem sua ascensão na Corte.

Contra Lewandowski pesam duas de suas características. A passividade com que trata os casos é encarada por alguns juristas com preocupação. Eles temem que o novo presidente do TSE tenha dificuldades na resolução rápida de problemas durante o pleito eleitoral do próximo ano.

Outra característica de Lewandowski está ligada justamente ao que desperta a simpatia dos advogados. Adepto de conversas informais e acostumado a emitir opiniões, o ministro já encarou problemas graves por conta disso. Em agosto de 2007, por exemplo, durante o julgamento do mensalão, ele foi flagrado em um diálogo com a ministra Cármen Lúcia, no qual discutiam os critérios dos votos que dariam sobre a denúncia contra os 40 acusados de integrar o esquema de corrupção, e ainda especulavam sobre os votos que seriam dados pelos outros colegas.

O flagrante causou desgaste aos dois ministros e gerou polêmica no Judiciário. Mas foi com o colega Eros Grau que Lewandowski teve mais problemas. Grau não gostou dos comentários que o colega fizera sobre ele e chegou a anunciar que iria processá-lo. Graças à interferência dos outros ministros, a briga não evoluiu. O próprio ministro costuma dizer que a experiência vivida lhe deixou mais atento e que tem tomado mais cuidado durante as conversas que mantêm.