Título: DEM hasteia a bandeira da coesão
Autor: Lima, Daniela; Augusto, Leonardo
Fonte: Correio Braziliense, 19/11/2009, Política, p. 9

Um dia antes da reunião da Executiva Nacional do partido, caciques da legenda pregam trégua para se fortalecer na corrida rumo às urnas.

Anfitrião do encontro na residência oficial, em Águas Claras, o governador Arruda pregou a união da legenda

O governador José Roberto Arruda (DF) entrou em campo para apaziguar os ânimos em seu partido, o Democratas. Em almoço na Residência Oficial, em Águas Claras, ele reuniu os grandes nomes da legenda para pregar a unidade. Desde outubro, rusgas internas(1) vieram a público. Divididos entre o apoio aos pré-candidatos tucanos à Presidência da República em 2010 ¿ os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) ¿, caciques do DEM começaram a trocar farpas. Aos cerca de 60 convidados, Arruda discursou pela coesão. Disse que o partido deve permanecer unido para poder se fortalecer no momento de reivindicar alianças estaduais. Hoje, a partir das 9h, ocorre reunião da Executiva Nacional do partido. O almoço de ontem foi uma preparação para amenizar o clima no encontro.

Único governador eleito pelo DEM em 2006, Arruda sabe que a sigla precisa ganhar corpo nas próximas eleições. Desde o início desta legislatura, a legenda só encolheu. No Senado, por exemplo, iniciou os trabalhos com 16 parlamentares na bancada. Vai fechar o ano com 14. ¿O que o PSDB decidir nós vamos apoiar, mas até lá temos que trabalhar juntos para ganhar a eleição¿, discursou Arruda.

O governador do DF conseguiu fazer sentar à mesma mesa o atual presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), e o ex-comandante da legenda, Jorge Bornhausen. Os dois andaram se estranhando. Em outubro, Maia passou a defender publicamente que o PSDB apresse a escolha de um nome para a disputa presidencial. Maia é ligado a Aécio Neves, e com o discurso de que o tucano mineiro tem mais capacidade de reunir aliados, arregimentou outros caciques do partido para disseminar a opinião. Bornhausen, por sua vez, trabalha pela candidatura de Serra. Acredita que a vantagem do político paulista nas pesquisas de intenção de votos deve ser considerada. Instalou-se a confusão.

Ratificar Na saída do almoço, os grandes nomes da legenda tentaram minimizar a confusão. ¿Unidos, teremos mais força para fechar os palanques estaduais¿, enfatizou o líder do partido na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), que sentou-se à mesa ao lado de Arruda, Rodrigo e Bornhausen. ¿Foi uma oportunidade para, mais uma vez, ratificar a nossa opção de caminhar ao lado do PSDB. As divergências quanto ao nome que sairá à Presidência existem até dentro do partido tucano, isso é natural do processo democrático¿, disse o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, partidário de Serra.

O líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN), reforçou o discurso, mas lembrou que o tempo é um fator importante na corrida eleitoral. ¿Temos que nos manter fortes, independentemente de quem seja o candidato. Manifestações podem ser dadas em defesa de candidato A ou B. A escolha é do PSDB, e estaremos com eles. Mas se puderem fazer isso rápido, melhor¿, ressaltou.

1 - Paixão equivocada Esta semana, uma entrevista do ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, deu o tom do desgaste interno que assola o DEM. O político, pai de Rodrigo Maia, teceu críticas ao pré-candidato paulista, José Serra. Disse, por exemplo, que o tucano paulista não se preocupa em ¿apaixonar¿ os aliados. A entrevista repercutiu mal no PSDB e ontem, por exemplo, havia consenso dentro do próprio DEM de que as declarações foram equivocadas.

O que o PSDB decidir nós vamos apoiar, mas até lá temos que trabalhar juntos para ganhar a eleição¿

José Roberto Arruda, governador do DF

Temos que nos manter fortes, independentemente de quem seja o candidato¿