Título: PIB vai crescer 50% em 7 anos, prevê Mantega
Autor: Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 18/11/2009, Economia, p. 11

Ministro faz conta otimista ao falar a empresários em Brasília. Meta seria atingida de forma equilibrada, com inflação controlada e situação fiscal sólida

Mantega: ¿Poderemos ultrapassar as taxas de crescimento de 5% (ao ano) mantendo fundamento sólidos¿

A surpreendente recuperação do Brasil em meio à mais grave crise econômica dos últimos 80 anos vem fazendo com que o governo se aventure em projeções bastante otimistas para o crescimento econômico dos próximos anos. A mais recente foi feita ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que falou a empresários da indústria durante encontro do setor em Brasília. Na opinião dele, o país deverá passar por um novo ciclo de crescimento, que ¿será ainda mais forte que o ciclo anterior¿. ¿Poderemos ultrapassar as taxas de crescimento de 5%, que foi a média dos últimos três anos, mantendo os fundamentos sólidos da economia¿, disse o ministro.

Segundo Mantega, o crescimento poderá ser ainda mais forte. ¿Acho que o Brasil pode, de 2010 até 2016, 2017, ter um ciclo de crescimento alcançando 6%, 6,5%. E de forma equilibrada. Um crescimento sólido, com os fundamentos da economia sendo cumpridos, como a inflação sob controle e situação fiscal sólida¿. Acumulado, o crescimento projetado pelo ministro atingiria 50% no prazo de sete anos. O ministro relacionou um avanço robusto de uma economia a investimentos em produção e em infraestrutura. ¿Nos últimos três anos, tivemos um crescimento do investimento elevado. Mas ainda são necessários investimentos em energia elétrica e infraestrutura de transportes.¿

O chefe da Fazenda também fez questão de enumerar os feitos do governo. E revelou que o aporte de recursos em obras, à exceção de 2009, tem aumentado nos últimos anos. Como exemplo, Mantega utilizou dados sobre a evolução da taxa de Formação Bruta de Capital Fixo, importante indicador de investimentos produtivos. Até 2008, lembrou o ministro, a taxa chegou a 19,5% do Produto Interno Bruto (PIB). ¿E se não fosse essa crise, teria chegado a 21,5% neste ano, que era a nossa projeção¿, assegura.

Juros O ministro também defendeu a redução dos juros básicos na economia para estimular o crescimento e a demanda, o que faria com que a indústria produzisse mais e que o setor financeiro tivesse mais dinheiro para emprestar. E admitiu que a estrutura tributária, alvo das reclamações do setor produtivo, poderia ser reduzida e simplificada, aumentando a competitividade das indústrias.

Para o mercado, embora ambiciosa, a meta de um crescimento robusto não pode ser deprezada. ¿Essa projeção do ministro pode até ser factível, apesar de ousada. Mas depende de uma série de acontecimentos positivos para a economia¿, analisou o economista-chefe da SLW Assent Magnament, Carlos Thadeu Filho. Ele pondera que o crescimento econômico nesse patamar só será possível com uma menor pressão negativa dos mercados externos, alta dos preços das matérias-primas e sem problemas inflacionários que obriguem o Banco Central a aumentar os juros, o que reduziria o consumo e interromperia o crescimento mais forte da economia.

O número 19,5% Taxa de Formação Bruta de Capital Fixo em 2008, perto dos 21,5% projetados. O indicador mostra o volume de investimentos produtivos

Renúncia sob análise

As desonerações de tributos a setores produtivos deverão ser retomadas tão logo o governo tenha espaço fiscal para retomar os incentivos sem que haja prejuízo de receitas em áreas chaves da economia. A afirmação foi feita ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que participou de evento com empresários e lideranças da indústria em Brasília. O comandante da política econômica do governo disse que a redução de tributos, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), foi responsável por resguardar o país de choques externos mais graves, e que custará, só em 2009, R$ 25 bilhões aos cofres públicos, totalizando R$ 100 bilhões nos últimos cinco anos.

Durante o encontro com empresários da indústria, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, que também debateu temas da política econômica, explicou que o governo estuda medidas de redução de impostos em setores afetados pela crise, como o de móveis, que registrou queda de mais de 60% nas exportações de seus produtos e, ao mesmo tempo, enfrentou uma concorrência maior ¿ alta de 70% ¿ dos congêneres importados. ¿Tivemos várias reuniões com o setor, mas ainda não há espaço fiscal para medidas de estímulo¿, disse Barbosa. (DB)

Ministro se defende

A notícia de que uma declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, em outubro do ano passado, teria provocado uma onda especulativa no mercado de câmbio brasileiro provocou um mal-estar generalizado na equipe do ministério, que divulgou ontem nota desmentindo informação publicada na sexta-feira pelo jornal Valor Econômico.

Na matéria, o ministro Mantega é acusado de ter influenciado o mercado ao comentar a atuação do Banco Central (BC) na compra e venda de moeda. O Ministério da Fazenda negou que a declaração antecipava a atuação do BC no mercado. ¿Estamos procurando manter as reservas no seu patamar, porque é importante num momento como este manter o volume de reservas elevado. Esta é uma orientação do presidente que nós temos cumprido¿, reproduziu a nota.

No entanto, fontes ouvidas pelo Correio alegam que a mensagem passada ao mercado foi a de que Lula não autorizaria o uso das reservas. Segundo um experiente economista, a sensação foi a de que o BC nada faria para conter a alta do dólar, o que provocou uma corrida pela compra da moeda. (DB)

Estamos procurando manter as reservas (cambiais) no seu patamar, porque é importante num momento como este manter o volume de reservas elevado. Esta é uma orientação do presidente (Lula) que nós temos cumprido¿