Título: Votação da jornada fica para 2010
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Fonte: Correio Braziliense, 20/11/2009, Economia, p. 13

A proposta de emenda constitucional (PEC) que diminui a jornada de trabalho para 40 horas semanais não será votada este ano por falta de espaço no calendário, afirmaram ontem deputados que participaram de uma reunião com sindicalistas, empresários e o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). O encontro foi uma tentativa de negociar a votação do projeto que reduz a carga horária máxima semanal de trabalho das 44 horas atuais para 40. Parlamentares ligados aos dois lados elogiaram o encontro, apesar de não terem avançado rumo a um acordo concreto.

¿O tamanho das divergências será resolvido durante a negociação. O mais importante é que a gente iniciou as negociações¿, afirmou a jornalistas o deputado e ex-sindicalista Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP). O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), mostrou-se disposto a negociar uma saída para a votação do tema. ¿Há uma distância muito grande até o entendimento, mas vamos continuar discutindo¿, disse o empresário.

Greve A PEC das 40 horas semanais é uma das principais bandeiras das centrais sindicais, que alegam que sua aprovação irá resultar na maior eficiência dos trabalhadores e no aumento dos postos de trabalho. Para empresários, a medida pode aumentar o custo da hora trabalhada, causar demissões e aumento de preços. Segundo o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, os sindicalistas vão aumentar a pressão e, a partir de janeiro, prometem fazer greves e manifestações no país até a votação do projeto. ¿Vamos iniciar o ano com o pé no acelerador¿, declarou o deputado, que sustenta a necessidade de aproveitar o período pré-eleitoral para negociar com os políticos.

Esta foi a primeira reunião entre sindicalistas, empresários e deputados para discutir o assunto na Câmara. A próxima deve acontecer em 15 dias. A PEC está pronta para entrar na pauta do plenário da Câmara. Para entrar em vigor, precisa da aprovação em dois turnos e além do voto favorável de pelo menos 308 votos ¿ três quintos dos deputados ¿ em cada uma das votações. Depois, segue para o Senado.

O número 308 Número de votos que a proposta precisa para ser aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados

Montadoras contratam

A indústria metalúrgica da região do ABC Paulista seleciona trabalhadores para dar conta da demanda de fim de ano. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, várias empresas instaladas em municípios onde a representação possui associados ¿ São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra ¿ deixarão de lado as férias coletivas para atender os pedidos do mercado doméstico, que estão em alta. Esse cenário é preponderante entre as montadoras de automóveis.

¿À exceção dos setores que estão em dificuldades para exportar, caso dos que produzem caminhões e ônibus, o que está programado para este fim de ano é apenas o esquema de recesso natalino com folgas compensadas posteriormente¿, disse Nobre. O sindicalista diz que a situação atual é bem diferente da verificada no último trimestre de 2008, que foi de redução de atividades em função da crise econômica. A percepção para 2010 é positiva. ¿O mercado prevê que a economia brasileira crescerá em torno de 5%, no ano que vem, e o primeiro trimestre tende a ser muito forte¿, avalia. Pelas estimativas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas de veículos ao mercado interno deste ano deverão atingir novo recorde, ultrapassando a marca de 3 milhões de unidades, ante as 2,8 milhões registradas em 2008.

As contratações começaram na semana passada, quando a General Motors anunciou reforço no quadro de funcionários com a contratação de 600 funcionários. Desses, 250 irão para a fábrica de São Caetano do Sul, outros 250 atuarão na unidade de São José dos Campos e os 100 restantes trabalharão em Mogi das Cruzes.