Título: Crise anula chegada da concorrência e preços aumentam
Autor: Rocha , Janes
Fonte: Correio Braziliense, 08/12/2009, Finanças, p. A3

O presidente do IRB, Eduardo Nakao: concorrentes não quiseram ainda "investir agressivamente no país" Dois anos depois da lei que quebrou o monopólio do resseguro no Brasil, novas empresas se instalaram no país para disputar um mercado estimado em R$ 7 bilhões, o IRB-Brasil Resseguros viu sua participação de mercado cair de 100% para 70%, mas os preços ainda estão longe de refletir o aumento da concorrência. Ao contrário. A crise internacional mandou à lona várias das gigantes globais do seguro e resseguro - e em muitos casos os preços subiram.

Grandes empresas sofreram na pele a retração. A Infraero, operadora dos aeroportos brasileiros, encontrou um mercado arisco na renovação de seus contratos de seguros e resseguros este ano. As apólices contratadas pela Infraero somam aproximadamente R$ 9 bilhões em cobertura de riscos operacionais e R$ 500 milhões em coberturas de responsabilidade civil (RC), pelas quais a empresa gastou este ano quase US$ 8 milhões em prêmios de seguros e resseguros, 8% mais do que no ano passado.

A Infraero explicou que houve "certa retração do mercado, mas nada que comprometesse a contratação". A maior dificuldade, segundo a Infraero, decorre "do fato de que os resseguradores interessados em reter o risco não estavam cadastrados no mercado brasileiro, ou seja, não atendiam às exigências da lei complementar que abriu o mercado de resseguros do Brasil".

Eduardo Nakao, presidente do IRB, explica que as resseguradoras internacionais ainda não quiseram "investir agressivamente no país" e o descadastramento mencionado pela Infraero já atingiu 15 das resseguradoras registradas até 2007. Sobraram 65 empresas, mas até agora apenas quatro abriram operações integrais no país, sendo uma brasileira (JMalucelli, especializada em garantia), a espanhola Mapfre, a alemã Munich Re e a americana XL. Mas estas já operavam no Brasil. As demais se cadastraram nas categorias "eventuais" ou "admitidas", com operações limitadas.

Um quarto pilar na reorganização em andamento do IRB é a entrada do Banco do Brasil no bloco de controle da resseguradora. O BB já anunciou oficialmente ao mercado que está em tratativas para a aquisição de parte das 500 mil ações ordinárias do IRB, hoje em poder do Tesouro Nacional. "Isso é assunto dos acionistas", desconversa Nakao.

No entanto, segundo fontes do mercado que acompanham as negociações, o Tesouro pretende manter uma parte das ações. O capital do IRB é de um milhão de ações, sendo 500 mil ordinárias (todas de propriedade do Tesouro Nacional) e 500 mil preferenciais, todas nas mãos de 30 seguradoras privadas, sendo a Bradesco Seguros e a Itaú Seguros as maiores acionistas individuais.

Nakao comentou apenas que os acionistas privados querem continuar com suas ações depois da entrada do BB. "É uma das raras oportunidades de valorização." O presidente da Bradesco Seguros e Previdência, Marco Antonio Rossi, disse que vê com "tranquilidade" a entrada no IRB de um dos principais concorrentes do Bradesco na área bancária. "Vai ser bom, reforça o IRB para competir no mercado", comentou. José Carlos Rudge, presidente da Itaú Seguros, também informa que pretende manter sua fatia acionária e que está confortável com as mudanças a caminho. Procurado, o BB respondeu por meio da assessoria de imprensa que não comentaria.