Título: Festa de velhos companheiros
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 10/12/2009, Política, p. 3

Evento do PT dá a largada para as comemorações dos 30 anos do partido e atrai envolvidos no escândalo do mensalão petista

Avaliada em R$ 250 mil, a festa de fim de ano do partido do presidente Lula ontem em Brasília marcou o fim de 2009, a largada para as comemorações dos 30 anos do PT, em fevereiro do ano que vem e a tentativa de resgate da história, inclusive daqueles que acabaram abatidos no episódio de caixa 2 de campanha, que terminou conhecido como ¿mensalão¿. Prova disso foi a homenagem aos ex-presidentes petistas, como os ex-deputados Luiz Gushiken, José Genoino, José Dirceu, os três afastados do governo, além de Marco Aurélio Garcia e Tarso Genro, os dois que continuam publicamente ao lado de Lula ¿ o primeiro como assessor e o outro, ministro da Justiça.

O PT iria homenagear a todos, mas não estava prevista a presença deles na foto principal, ao lado de Dilma. Na hora em que o secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, no papel de mestre de cerimônias, anunciou o gesto de carinho aos ex-presidentes, frisou que eles não subiriam ao palco. Mas, diante dos pedidos de ¿sobe, sobe, sobe¿ dos militantes, todos voltaram à ribalta. Exceto Genoino e os que ainda estão no governo, que não compareceram. Dirceu, presente ao evento e tratado com toda a deferência, foi citado como ¿imprescindível na estratégia que levou à vitória em 2002¿. Ovacionado, subiu ao palco, mas não discursou. Todos receberam um caleidoscópio, numa caixa de madeira, com o símbolo do partido.

Antes da entrega dos presentes, Dilma discursou, com todos no palco. ¿Ser líder no PT tem risco sim. Muitas vezes, até perseguição¿, comentou a ministra, quando falava sobre a história do partido e dos militantes, numa clara referência àqueles abatidos ao longo do governo Lula.

O tratamento do partido dispensado a esses antigos líderes mostrou que há uma vontade dos militantes em reintegrá-los ao convívio partidário. Na medida em que foram saindo do palco, logo após receberem o presente, Dirceu, por exemplo, foi cercado por militantes, ávidos por uma foto ao lado dele.

Mal eles saíram, Ferreira chamou a escola de samba União da Vila do Iapi, de Porto Alegre, levada pelo próprio militante, que é gaúcho. Enquanto as passistas desfilavam, no fundo da sala, o ex-líder do governo Lula, o ex-deputado Professor Luizinho, conversava com Paulo Rocha (PT-PA), este deputado. ¿Prof. Lu¿, como era chamado na Câmara, está mais reservado do que nos tempos em que coletou R$ 20 mil no Banco Real. Disse apenas que hoje vive em Santo André, ¿cuidando dos filhos e da família¿. Perguntado, respondeu apenas que a ministra Dilma está ¿maravilhosa e competente como sempre e fará um governo tão bom quanto o do Lula¿.

A tentativa de votação do pré-sal que foi até tarde na Câmara dos Deputados terminou por tirar muitos deputados da festa. Ministros, como os da área econômica, Guido Mantega e Paulo Bernardo, também não compareceram. Além de Dilma, estiveram por lá Fernando Haddad (Educação), Luiz Barreto (Turismo), Altemir Gregolim (Pesca), Nilcéia Freire (Política para as Mulheres), José Pimentel (Previdência), Carlos Minc (Meio Ambiente). Das estatais e áreas afins ao governo, destaque para José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, e Paulo Okamoto, do Sebrae.

Ser líder no PT tem risco sim. Muitas vezes, até perseguição¿