Título: Greve pode ameaçar Natal
Autor: Mendes, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 15/12/2009, Economia, p. 18

Aeroviários planejam cruzar os braços nos dias 23 e 24 caso não haja acordo em audiência com os patrões no Ministério Público

Aviação: como a categoria reivindica 8% e empresas oferecem 4,9%, o MP decidiu intermediar negociação

Os trabalhadores das companhias aéreas ameaçam cruzar os braços em 23 e 24 deste mês caso não seja fechado um acordo com as empresas para o reajuste dos salários. ¿Ainda há risco de greve¿, afirma Fernando Galdino da Silva, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA). Ele explica que a ameaça de paralisação no fim do mês se justifica porque é nesse período que as empresas faturam mais. ¿Em outra época, nossa paralisação não teria o mesmo efeito¿, diz.

Diante da intransigência nas negociações e da iminência do risco de paralisação dos funcionários bem na véspera do Natal, o Ministério Público de São Paulo interveio e fez uma proposta intermediária. Se na audiência marcada para hoje não se chegar a um acordo, será aberto dissídio coletivo.

O foco da queda de braço entre patrões e empregados é o índice de reajuste. Os aeroviários queriam 10%, mas as companhias ofereceram 4,5%, segundo Fernando Galdino da Silva. O Ministério Público solicitou, então, que as duas partes apresentassem uma contraproposta. O SNA baixou o pleito para 8% e o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) elevou para 4,9%. Considerando insuficiente o aumento proposto pelas companhias aéreas, que não beneficia os aeroviários com um aumento real razoável (a inflação apurada para o período foi de 4,2%), o Ministério Público propôs, então, que a correção fosse de 6%. Até ontem, o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) e sindicatos de aeroviários municipais e estaduais haviam aprovado a proposta. O SNA apurará os resultados das assembleias realizadas em todo o país até às 10h. Resta saber se as empresas concordarão em pagar o reajuste.

O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) não quis adiantar o posicionamento das companhias que será apresentado hoje na audiência com o MP, contudo, frisou que não trabalha com a hipótese de paralisação.

Pressão

Fontes ligadas às negociações afirmam que em todo fim de ano a pressão é a mesma. Em 2008, os funcionários abriram a pauta pedindo 13% de reajuste e acabaram fechando em 8%. O acordo, porém, só foi selado em 23 de dezembro. Este ano, segundo essas fontes, a tendência é que o índice seja mais pró patrão do que empregado. A última greve de aeroviários ocorreu há mais de 10 anos, também em dezembro. A última paralisação fora do fim do ano foi em 1994.