Título: Concentração inalterada
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Fonte: Correio Braziliense, 17/12/2009, Economia, p. 25

IBGE mostra que a produção da riqueza em cada município praticamente não mudou no país no período de 1999 a 2007

O panorama de concentração da economia em poucos municípios permaneceu inalterado entre 1999 e 2007, constatou pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios traz informações sobre a geração de riqueza nas 5.564 cidades do país. ¿Vemos um país com economia concentrada em poucos municípios, principalmente nas capitais. Esse é um retrato estável ao longo desses anos¿, destacou a coordenadora do estudo do IBGE, Sheila Zani. Houve, no entanto, crescimento significativo em relação ao PIB de algumas cidades que não são as capitais de seus estados.

Entre as cidades que se destacaram figuram Paranaguá, no Paraná, impulsionada por incentivos fiscais a empresas importadoras; além de Louveira e Jundiaí, em São Paulo, onde a atividade industrial está em ¿franca expansão desde 2005¿. A estatística do IBGE destacou ainda que, em 2007, a queda do preço do barril de petróleo em reais beneficiou municípios ligados ao refino, como duque de Caxias, no Rio de Janeiro, em detrimento daqueles cuja economia era ligada à extração.

Em 2007, o conjunto das capitais brasileiras respondeu por 34,4% do Produto Interno Bruto (PIB ¿ a soma de riquezas produzidas no país). A Região Sudeste foi responsável pela maior fatia (19,4%) e a Norte, pela menor (2,4%). Outro corte da pesquisa mostra que apenas cinco municípios responderam por 25% de toda a renda gerada no país em 2007: São Paulo, com 12,0% de contribuição e geração de R$ 319,9 bilhões; Rio de Janeiro, com 5,2% e R$ 139,5 bilhões; Brasília, com 3,8% e R$ 99,9 bilhões; Belo Horizonte, com 1,4% e R$ 38,2 bilhões; e Curitiba, com 1,4% e R$ 37,7 bilhões. Em quadro mais amplo, os 45 municípios que lideram o ranking de geração de renda foram responsáveis por metade do PIB do país.

Menores

Por outro lado, os 1.342 municípios com as menores economias, que concentram 3,5% da população, responderam por 1% do PIB. O levantamento mostra ainda que, entre os cinco municípios de menor PIB em 2007, quatro deles ficam no Piauí: Olho D¿Água do Piauí, São Luís do Piauí, São Miguel de Baixa Grande e Santo Antônio dos Milagres. O outro é da Paraíba: Areia de Baraúnas. Juntos, eles responderam por aproximadamente 0,001% da economia nacional. Entre as capitais, Palmas, do Tocantins, ficou em último lugar na divisão do PIB nacional, com 0,1%.

DEPENDÊNCIA DO SETOR PÚBLICO Pelo menos três em cada dez municípios tinham sua economia dependente, principalmente da administração pública, em 2007. Segundo a pesquisa do IBGE, as cidades cuja geração de renda estava ligada de forma mais evidente ao setor eram Uiramutã, em Roraima, onde a atividade respondia por 80,1% do Produto Interno Bruto (PIB) municipal; e Poço Dantas, na Paraíba, com 70,2%. Segundo a coordenadora da pesquisa do IBGE, Sheila Zani, esse cenário está ligado ao dinamismo da economia. Ela disse que geralmente cidades muito dependentes têm grande número de aposentados e inativos. O peso da administração pública no PIB nacional é de 13,3%.

A produção municipal no Brasil

O RETRATO APRESENTADO PELO IBGE

Os maiores PIBs Dez primeiros municípios em 2007 PIB em R$ bilhões

São Paulo - 319,994 Rio de Janeiro - 139,559 Brasília - 99,945 Belo Horizonte - 38,209 Curitiba - 37,791 Manaus - 34,403 Porto Alegre - 33,434 Duque de Caxias (RJ) - 28,143 Guarulhos (SP) - 27,446 Campinas (SP) - 27,160

Os maiores PIBs por habitantes Dez primeiros municípios em 2007 PIB per capita em R$

São Francisco do Conde (BA) - 239,506 Louveira (SP) - 211,884 Araporã (MG) - 196,542 Triunfo (RS) - 196,266 Confins (MG) - 159,856 Quissamã (RJ) - 157,860 Porto Real (RJ) - 152,767 Alumínio (SP) - 121,934 Alto Horizonte (GO) - 102,799 Barueri (SP) - 100,806

Os PIBs mais baixos As menores produções anuais do país por região em 2007 Em R$ milhões

Santo Antônio dos Milagres (PI - Nordeste) - 4,406 São Félix do Tocantins (TO - Norte) - 6,136 Anhanguera (GO - Centro-Oeste) - 6,689 São Sebastião do Rio Preto (MG - Sudeste) - 7,452 Jardim Olinda (PR - Sul) - 10,998

Fonte: IBGE

Crescimento chinês no DF

O PIB do Distrito Federal aumentou 58,37% em apenas quatro anos, de 2006 a 2007. O ritmo forte de expansão, comparado ao de um gigante asiático, foi puxado por administração pública, bancos e construção civil

Luciano Pires

O Produto Interno Bruto (PIB) do Distrito Federal cresceu entre 2006 e 2007 nada menos do que 11,51%, ritmo de expansão só comparável a taxas chinesas. Tomando por base 2003, o avanço foi ainda mais expressivo (58,37%), o que mantém a capital federal em situação invejável. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou ontem um detalhado estudo sobre o PIB dos municípios, o DF produziu R$ 99,945 bilhões em 2007, contra R$ 63,104 bilhões em 2003.

A forte presença da administração pública e os bons resultados obtidos pelo setor financeiro ajudam a explicar o fenômeno. ¿Houve reflexos positivos sobre a massa salarial, o crédito e o emprego¿, resume Sheila Zani, pesquisadora do departamento de contas nacionais do IBGE. Com o crescimento da economia brasileira, novas empresas se fixaram no DF. O boom na construção civil também justifica o avanço expressivo na produção de bens e riquezas.

O PIB por habitante no DF (R$ 40.696) cresceu de maneira consistente entre 2003 e 2007: 43,89%. Essa ampliação ¿ inferior à do PIB local ¿ mostra, provavelmente, que o aumento da produção não consegue acompanhar o inchaço populacional. O PIB per capita do DF terminou 2007 como 78º maior do país na comparação com o de todos os municípios ¿ duas posições acima do verificado em 2006 (80ª).

Segundo o IBGE, Brasília se mantém em posição relativamente estável. Em 2004, a capital caiu para a 81ª posição e tem se mantido nessa situação ¿ foi a 79ª em 2005. Para José Matias-Pereira, professor de administração pública comparada da Universidade de Brasília (UnB), a tendência é de que as próximas pesquisas apontem para uma acomodação do PIB do DF.

Houve reflexos positivos sobre a massa salarial, o crédito e o emprego

Sheila Zani, pesquisadora do IBGE

Colaborou Sandro Silveira

Cidade da Bahia vira destaque

O município baiano de São Francisco do Conde apresentou, em 2007, a maior geração de riqueza por habitante do país. Naquele ano, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita da cidade ¿ que abriga a segunda maior refinaria em capacidade instalada do território nacional ¿ foi de R$ 239.506, bem acima da média nacional, que foi de R$ 14.183. Logo em seguida, aparecem os municípios de Louveira (SP), Araporã (MG), Triunfo (RS) e Confins (MG).

Segundo os técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou ontem a pesquisa Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios, a renda gerada pela produção na cidade nem sempre é apropriada pela população residente. A maioria dos municípios com PIB per capita elevado tinha em 2007 baixa densidade demográfica. No outro extremo, aparece Jacareacanga (PA), que em 2007 registrou o menor PIB per capita entre os 5.565 municípios brasileiros, de R$ 1.566. Aproximadamente 60% da economia local vinham da administração pública.

Entre as capitais, Vitória (ES) liderou o ranking de geração de riqueza por habitante, com PIB por habitante de R$ 60.592, mas perdeu, dentro do estado, o primeiro lugar para o município de Anchieta. Em seguida, aparecem Brasília (DF), com R$ 40.696; São Paulo (SP), com R$ 29.394; Porto Alegre (RS), com R$ 23.534; e Rio de Janeiro (RJ), com R$ 22.903.